sábado, 24 de abril de 2010

O velho vento de sempre

_ Pode dar meia volta? - já estava quase chegando e ao invés de sorrir, começou a bater uma tristeza. Planejara a viagem por dias e agora, pedia para voltar.
_ Voltar pro Rio, senhora? - perguntou o motorista
_ Não. Nem pro Rio, nem seguir em frente. Só dá meia volta e fica pela estrada mesmo. Conhecendo novos atalhos e caminhos para se chegar a lugar nenhum.
Queria deixar o vento tocar no rosto para sentir-se livre e comandante do próprio destino. Seria a dona da história. Escreveria à caneta - "as frases de caneta você não pode apagar" - todo um livro da vida que buscava constantemente. Jogaria dentro da velha mochila meia dúzia de roupas, umas maquiagens e alguma coisa para se distrair como um livro, um álbum de figurinha ou música. Fecharia a porta por diversas vezes mais e diria: "Só volto na sexta. Não me esperem para jantar."
O que encontraria não saberia dizer, até mesmo porque não procurava por nada. Ou talvez procurasse. Nós vivemos sempre a procura de amor, paz, felicidade e qualquer coisa que soe como desejos de aniversário ou Natal. Então era fato que, mesmo indiretamente, ela procurava pelo mesmo. Mas desistira de buscar pelo príncipe encantado, por respostas e por sinais de fogo. 
Queria ver o verde correr pela janela e intercalar velocidades - andar devagar para observar a paisagem de um jeito que de olhos fechados ela conseguisse relembrar cada detalhe, e acelerar tanto ao ponto de não reconhecer o que passa ao seu lado.
Só queria não ter obrigação de nada, nem se pressionar para que corresse atrás dos sonhos que ela criava, sozinha, na rede. Fecharia os olhos e ouviria o som das águas do rio, passando ao fundo, levando o que tivesse que ser levado e o que não devesse também - talvez -, porque sentia que quando toda essa vontade de não viver de extremos passasse, seria capaz de construir tudo de novo: casa, represa e empresa.

O título é por causa dessa minha mania de falar sempre do vento.
Não sabia dessa minha obsessão por ele. Acho que ando esperando 
que minha vida pegue carona com o vento
e chegue logo até mim. Vai entender...

11 comentários:

Veronica Rodrigues disse...

A gente sempre espera que alguma coisa chegue com o vento.

bom final de semana pra ti.
um beijo.

regina zanette disse...

Concordo com a Veronica. Pena que nem sempre as coisas são assim, na maioria delas, por sinal. Mas alguma coisa o vento sempre traz de bom. E no embalo de Jota Quest "O Vento faz do meu mundo um novo".

Rodolpho Padovani disse...

Como vc disse sempre estamos a espera ou a procura de algo, sair sem destino pode ser uma coisa boo, afinal o desconhecido esconde surpresas.
Gostei daqui, tô seguindo.
Muito legal o nome do blog tbm.
Bjs e bom fds =D

Unknown disse...

Sei bem o que é isso! O vento.. tbm amo falar dele. gostei do texto. beijos

Anônimo disse...

Nossa, adorei seu blog e seu comentário lá no meu tocou fundo heeeim!
Vou voltar aqui sempre!
Beijos, até mais!

Késia Maximiano disse...

O vento sempre leva consigo tudo q é abstrato na gente... E as vezes tras...
Boas vibrações pra todos nós!
Super beijo!

fatoSempalavras disse...

"O vento vai dizer lento que virá. E se chover demais. A gente vai saber..."

Ah, o doce vento....Entra sem pedir licença e, por algumas vezes, no deixa uma sentença de alegria ou melancolia.


Saber, doce Luiza, inteligente são aqueles quese perdem nas estradas,mas com consciência que todo atalho finda em um lugar essencial para a felicidade!

Adoro vc, sabia?

Incontáveis abraços. :)

Mari. :) disse...

Muito lindo o texto. :)

Erica Vittorazzi disse...

Às vezes, diferentemente dela, eu queria ser personagem de um livro, com o final já escrito. Cansa escrever a vida à caneta!

Que o vento te encontre, então.

bEIJOS

Bruna Brasil disse...

Eu fico me perguntando se quando eu for seguir meu sonho, terei coragem de o fazer, de verdade, e não querer voltar atrás.

Maísa Guimarães disse...

acheei vc por ai
q criativo o nome do seu blog
;**

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