domingo, 21 de março de 2010

Sobre medos, parquinhos e olhares

Sempre fui medrosa. Nunca pulava a cerca do parquinho ou ficava de cabeça pra baixo nos brinquedos. Balançava-me sem me arriscar muito, sem ir muito alto. Subia nas árvores porque não resistia, mas sempre achava que ia escorregar e bater a cabeça, ou que um pássaro ia passar voando, morrendo de raiva porque eu estava próxima demais do ninho aonde guardava seus ovos. 
Cresci e vi meus amigos escorregando pelo toboágua. Sorriso estampado de orelha a orelha. Subia todas aquelas escadas com todas as borboletas dentro do estômago e quando chegava lá em cima, via a Terra toda ali, aos meus pés, virava para a amiga que seria a próxima a se aventurar e dizia baixinho, com medo de dizerem uma verdade sobre meus temores: Acho que vou desistir. Mas não tinha jeito, escorregava, mais recuando do que descendo, atrasando o tempo, arranhando os medos para que eles sumissem.
Nunca fui inconsequente. A frase 'Então, se joga' quase nunca fez real sentido pra mim, afinal, raramente me jogava sem ter a certeza de que isso não desencadearia em uma cabeça aberta, um braço quebrado ou um coração partido. Sempre pensei antes de falar, antes de agir, antes mesmo de pensar - sempre controlei meus pensamentos.
Mas hoje, considero-me a pior das covardes, pois fujo com o olhar. Falo enquanto olho para as nuvens e observo a lua. Vejo, espero e, na hora, miro o tênis - Nossa! Meu cadarço está desamarrado de novo!. É uma das poucas horas que ajo sem pensar, pois faço por impulso. Ignoro olhares que muito tem a me dizer, porque não quero ouvir, não quero saber. Tenho medo de tentar e consiguir entender. Quando percebo, lá estou eu, alheia, sendo mais covarde do que quando sentia medo de ficar de cabeça pra baixo por aí.

sábado, 13 de março de 2010

Super diário,
Sou eu de novo: o Super-homem. Posso fazer-lhe uma pergunta? QUEM FOI O IMBECIL QUE ME DEIXOU SER HERÓI? QUEM FOI? ACUSE-SE AGORA QUE SOU CAPAZ DE MATÁ-LO!
Estou cansado dessa vida. Cansado de voar, dessa capa idiota que vive prendendo nos pregos e dessa sunguinha que aperta meus testículos.
Queria ter tempo pra namorar,  sair com a galera pra tomar um chopp depois do trabalho e correr na praia de manhã cedo. Sinto falta de controlar minha vida - não que isso seja uma mania que faça de mim um neurótico com TOC -, mas as vezes queria não depender tanto do mundo e sim, só de mim.
Deveria ser um advogado fortão que para o trânsito da cidade e não um fortão que para os carros com a mão pra pegar o ladrão que foge da polícia. Ou um médico famoso pela inteligência e não pela força. Estou gay. É, entrando em uma crise existencial feminina.
A verdade é que preciso de férias, de um calmante e umas 85 noites de sono. Ou uma mulher, dois filhos, um lençol quentinho e muito amor.
Enquanto isso não acontece, voo à procura de ladrãoes, velhinhas indefesas e incêndios.

segunda-feira, 8 de março de 2010

À sua espera

Se ainda acredita em filmes, posso afirmar que há um esperando por você bem aqui, do outro lado dessa imensidão azul. Um filme que você deixou pela metade, pausado no DVD, e a capinha largada no sofá porque tinha que se divertir por uma noite.
Bem, a diversão acabou e a película espera por você. Garanto que te assustarás com os monstros da insegurança e da dúvida. Torcerás diante de batalhas disputadas por dois grande cavalheiros: razão e emoção. Esperarás ansioso pelo suspiro de liberdade que consagrará o campeão e o de desistência do perdedor. Verás beijo ardente e enlouquente. E, por fim, me verás nos créditos, pois escrevo nossa história através de falas e cenas.
Texto pequeno, simples e sem sal. Ando sem tempo pra pensar no que postar. As ideias surgem, mas eu as abandono com facilidade. Estou tentando não ser tão ausente, por isso, peço perdão. Obrigada aos que leem - implicita ou explicitamente. Com carinho, Luiza.

P.S.: Eu que fiz o desenho. Ficou fofo, vai
 
By Biatm ░ Créditos: We ♥ it