domingo, 27 de junho de 2010

19 de fevereiro

Faltam nove dias para o fim do mês. As folhas de calendário voam pela minha janela, quando o que eu mais queria que voasse era eu mesma. Voasse pra perto de você.
Vejo os aviões planando sob a minha cabeça e sei que não posso estar dentro de nenhum deles. Queria que de alguma forma eu fosse pegando carona pelas estradas, conhecendo gente e lugares até chegar à você.
A alegria me contagia e eu me sinto Colombina que procura pelo Pierrot, quando na verdade, aproveito essa época do ano para usar ainda mais as máscaras, esconder felicidade por entre confetes e serpentinas, pois procuro por você em cada toque que recebo.
Vai raio de sol, bate forte no chão e deixa passar esse fevereiro sem fim. Um ano se passou. Um ano a mais no relógio daquele velho celular e um ano a menos para nós dois. Não consigo acreditar que você não veio e que, mais uma vez, fiquei no meio fio, sentada, a te esperar.
Vem vento, passa por aqui e leva o que já não quero mais que fique. Leva toda essa frieza para o outro lado do oceano, onde ele se encontra agora. Leva o que sinto, mas deixa as lembranças - pelo menos parte delas, como aquele sorriso bobo ou aquele tropeço que me vez rir por longos minutos - para que eu possa guardar algo dele comigo.
Nove dias para o fim do mês. Por onde você anda? Aonde você vai posar dessa vez se não é bem perto do meu coração? Cai confete e serpentina. Cai e voa pra longe de mim...

domingo, 20 de junho de 2010

Mar de amores

O coração estava na goela, louco pra sair. 
Cansado da escuridão em que se encontrava. 
Então pulou e caiu no mar. Mar colorido que encantava. 
Deixaria de ser Quarta-feira de Cinzas para ser Carnaval novamente. 
Um dia, um peixe o engoliu. Acho que ele queria amar... 
E o coração ajustou-se facilmente ao mundo multicolor do peixinho. 
O coração batia tão acelerado, agitado, milhares de coisas para se gostar. 
E sem querer, sem precisar, se apaixonou por uma estrela do mar. 
Peixe e estrela do mar, quem iria imaginar? 
Só daria certo se eles soubessem quão imperfeito é amar.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Gaivotas

Você voava tão alto e sem controle que a qualquer momento poderia cair. Sou chão incerto. Terra no encontro de placas tectônicas. Sou instável e indecisa, por isso não sirvo de porto seguro pra ninguém.
Assim como você, já fui balão. Voei, voei e voei tão alto, flutuei na máxima plenitude e quando a bolha estourou, quando a chama do balão cessou, desabei. Queda livre na velocidade da luz, sem tempo para pensar, voltar atrás ou me arrepender.
Talvez seja por isso, pela rapidez que tudo aconteceu, que não me arrependo do passado.Quando a vida passa de lampejo não dá tempo nem ao menos de suspirar e parar para reclamar. Quando ela lhe oferece momentos sutis de felicidade, soa como ingratidão lamentar.
Sigo sendo dúvida. Às vezes sou chama. Fogo que queima e aquece. Grito para ser aquecida. Envolvo e paraliso. Sorrio para amenizar o frio dessa cidade. E como fogo na pólvora, explodo.
Em contrapartida, pareço gelo também. Fria, medrosa e retraída. Ainda assim, queimo de outra forma. Por causa desse medo, nessa horas é que mais querem me aquecer; agora que quero estar congelada na mais profunda frieza de mim mesma. Que contradição!
Acho que procuro algo tão incerto quanto eu. Que saiba ser fogo quando sou gelo para que queimemos juntos. Que seja porto seguro enquanto eu sou balanço do barco que chega para encalhar. Seja mais pura e simples Matemática exata quando eu for desafiadora e complexa Física Quântica. Seja céu estrelado explodindo em cores enquanto eu sou aquele velho filme preto-e-branco. Desejo quem responda a cada ínfimo ponto de interrogação que existe na minha cabeça e admire cada ponto de exclamação que há em meu coração.
Mas você... Ah, você... Decidiu ser balão quando eu ainda era gaivota a fim de voar livre e duvidosa pelo mar.
 
By Biatm ░ Créditos: We ♥ it