sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Father, Father, Father help us

Enquanto o chão tremia no Haiti, eu saía do cinema após 5 minutos de Avatar 3D, porque a luz tinha acabado. Corri com meus amigos para chegar em casa a tempo de ver o primeiro dia de BBB. Só fui saber da seriedade do terremoto no dia seguinte. Descobri pais de amigos meus e conhecidos dos meus pais no meio da confusão e foi então que passei a levar aquilo a sério.
É estranho como só reparamos no problema quando ele se aproxima de nós; somos críticos quanto aquele fato até que ele surge ao nosso lado e aí, todos nossos conceitos se vão pelos ares. Lembro da reportagem de uma mãe que, mesmo não sabendo nadar, salvou o filho que se afogava em um rio com forte correnteza.
Essa nossa capacidade de enfrentar até nossos piores medos, nos arriscar e pôr os temores à prova me impressiona. Enfrentamos tudo pelo amor ao próximo, pelo medo de perder um alguém.
Nos jogamos em águas mesmo sem saber nadar, pegamos aviões parar se estar perto mesmo com medo de altura, criamos uma fé antes inexistente.
Outra característica que me deixa abobalhada é a capacidade humana de se reinventar; como uma fênix, ressurgir das cinzas. O que São Paulo com suas constantes chuvas de janeiro, o Nordeste com suas secas eternas, Peru e Haiti com terremotos e Rio de Janeiro com deslizamentos de terra tem em comum? A capacidade de recomeçar. Iniciar uma nova vida com pouquíssima coisa; sem água, comida e luz; só com a esperança de começar de novo. E é essa esperança constante que tanto me comove. A esperança no próximo; acreditar que, mesmo com pouco, seu vizinho vai te ajudar e juntos vocês vão reconstruir a vida.
Não desejo que ninguém perca isso um dia, pois é essa nossa crença que move a vida.

When love takes over

Quando o amor acaba dói, aperta, queima e sangra. Dá vontade de mandar meio mundo ir à merda porque ninguém parece entender o que você sente. As lágrimas as vezes caem, mas tem horas que seus olhos parecem secos porque não há mais o que chorar.
Quando o amor acaba perde-se o rumo, as músicas não fazem mais sentido e o chocolate torna-se melhor amigo. Você tem vontade de correr e não parar até o vento forte que bate no seu corpo despedaçar seu coração, assim como ele faz com os grãos de areia.
Quando o amor acaba as esperanças se vão e você tem que recomeçar de alguma forma, mesmo não estando preparada, mesmo se sentindo incapacitada. A renovação deve começar de algum lugar dentro de você.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Oh oh I need an ending

A água da chuva escorre pelas ruas e desce pelos bueiros. Minhas esperanças tomaram esse mesmo rumo - o negro bueiro. Semanas se passaram e eu cheguei a conclusão de que você é mesmo um covarde. Não que eu não te ame assim, mas todo o fato de você estar sempre fugindo, escapando sutilmente pela multidão, me destrói um pouco a cada dia. Sinto sua falta e não sei mais pelo que esperar. Se eu ao menos soubesse o que você tem feito, porque não me ligou, porque disse coisas que não iriam se cumprir...
Acho que preciso de um final, mas um final explícito. Estou cansada desse pseudo-fim, sem explicações, discussões, lágrimas e pedidos de 'volta, meu bem, porque amor maior que o nosso, não há'. É, é exatamente disso que eu preciso. Você chegando e me falando que nada é como antes, nós dois falando exatamente a mesma coisa, como se chegamos a uma conclusão do que é ideal para nós e no final... Ah, o final... Concordamos que é melhor tentar de novo.
Tentamos tantas vezes, que não me importaria de tentar de novo. Mas se for pra acabar, que acabe com razões e não com fugas, porque se você acha que irá diminuir a dor se sumir sem me esclarecer nada, se acha que eu acredito em "O que os olhos não veem, o coração não sente", está enganado. Posso não ver, não ouvir nada vindo de você, mas meu coração sente. Sente e se aperta em meu peito nesse momento.
Li uma vez que o tempo não cura nada, ele apenas tira o incurável do foco principal, aí você pensa que esqueceu, mas aquilo segue escondido em algum lugar ínfimo de seu coração. Talvez toda aquela história de que só o que cura um amor é um novo amor seja verdade. Não sei e não tenho como saber. Enquanto eu estiver esperando, não seguirei em frente. Ficarei aqui, parada, olhando os caminhos que posso seguir, pensando, mas sem chegar a nenhuma conclusão, porque me faltam explanações.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

It's time to be a big girl now

Estou cansada, estressada e com medo. Não tinha percebido que o ano virou e 2010, mais do que nunca, será um ano de decisões. Terceiro ano está aí, vestibular, então, praticamente me engolindo. Estava segura do que queria e segura da minha capacidade até que tive um encontro com um bichinho chamado Dúvida. Dúvida do que fazer daqui pra frente. Insegurança por ter que escolher uma profissão pelo resto da vida. Medo de errar, de desclassificar quem estava certo do que queria e de não me encontrar.
Com isso, perco parte do que acho mais incrível em mim: minha capacidade de sonhar. Estou cansada de idealizar um futuro com um carro na garagem e um apartamento com as amigas. Caiu a ficha que o mercado é competitivo lá fora, o mundo é uma selva e as coisas nunca caem aos meus pés com tanta facilidade como parece cair para meus amigos. Não terei carro do papai ou apê da vovó. Se quiser o luxo que muitas pessoas acham que já tenho - pelo lugar onde moro ou onde estudo - vou ter que correr atrás mesmo; enfiar a cara nos estudos e encostar a barriga em um balcão ou os pés em uma loja.
Não quero crescer e deixar meus sonhos de lado, não quero perder essa capacidade de sonhar, mas o mundo adulto tem invadido meu mundo infantil e destroçando tantos dos meus sonhos. Me sinto desprotegida e com medo de sonhar. Medo de voar, voar, voar e de repente... cair! Viajar, voar, sentir o vento do irreal em meu rosto nunca foi problema, mas estou tão assim comigo mesma que uma queda será capaz de me enfraquecer.
Talvez seja hora de ser uma garota grande e garotas grandes não sonham

domingo, 17 de janeiro de 2010

I see you.



Se eu pudesse, me transportaria para aquele lugar para sempre. Odeio ter que depender dos meus sonhos para estar lá.
Lá onde águas-vivas voadoras são espíritos puros, os mosquitos lembram reluzentes vaga-lumes e uma espécie de inseto se assemelha aos malabares de um artista circense.
No reino dos meus sonhos, cachoeiras flutuam e suas águas formam nuvens e as árvores iluminam, de forma esplêndida, o breu da noite. Pássaros gigantes e cavalos distorcidos são nossos meios de transporte nessa imensidão verde.
Sorrio para ele e ele retribui. Estamos prontos para a batalha

sábado, 16 de janeiro de 2010

Sempre na estrada, sempre distante

Olá querida,
Desculpe por sumir assim. Sei que sente minha falta e vejo isso em cada suspiro que você dá quando atende ao telefone pensando ser eu e em cada vez que acorda de madrugada para se livrar dos sonhos que te atormentam porque estou ali. Desculpe se o vento sopra meu nome em seus ouvidos e se as músicas que escuta te fazem lembrar tempos atrás.
Cometi milhares de erros nessa vida, mas o maior deles foi te deixar. Não falo só do sofrimento que isso te causa, pois meu coração também está cheio de feridas.
Confesso que milhares de vezes eu errei, mas nunca pensei que fosse te deixar seguir sozinha por essa estrada ou que fosse te deixar se debater no mar para que assim aprendesse a nadar sozinha. Sempre me vi como seu herói, aquele que iria te salvar e seguir contigo para enfrentar dragões e moinhos de vento nesse mundo. Mas em algum momento me vi tendo que te deixar. Vi-me pensando mais em trabalho do que na vida e viajando por aí sem sua companhia.
Sinto tanto por todas as vezes que tenho que partir, porém sigo cometendo o mesmo erro. Desde a morte de meu pai vivo e respiro pela empresa - prometi a ele. Por isso, em algum momento da vida, optei por não viver ao seu lado.
Hoje, aceito todas as vezes em que você me chamou de burro - e depois chorou no sofá. Talvez eu seja mesmo burro, afinal, errar é humano, mas insistir no erro é burrice. Apesar de tudo, de todo arrependimento sigo errando e insistindo pela memória de meu pai.
Amor, eu sinto a sua falta e desejo você ao meu lado, mas não quero mais te ver sofrer. Não mais do que você já sofre quando estamos separados. Você é um espírito livre que merece estar com quem seja aquele herói que não consegui ser.
Desculpe-me por todas as lágrimas que caem de seus doces olhos antes de dormir e fique tranquila, você não tem que pedir perdão a Deus, porque nunca errou comigo. Amo cada curva de seu corpo, cada linha do seu pensamento, cada qualidade e defeito desse ser. Só te peço que siga em frente porque sou errado, sou errante e vou errando enquanto o tempo me deixar, já que minha compulsiva mente não me deixa mais.

domingo, 10 de janeiro de 2010

So shut up and dance with me

_ Ele sumiu a semana toda. A semana, não. Tem um mês que não nos falamos, na verdade. Não me ligou como prometeu. Não apareceu nem nada do tipo. Como vou acreditar no que disse se quando tem a oportunidade de fazer as coisas se tornarem reais, ele dá pra trás desse jeito?
_ Por que você não liga pra ele? – perguntou a amiga
_ Porque ele tem meu número. Eu não tenho o dele. E mesmo que tivesse, acho que não ligaria. É ele quem tem que fazer isso. Não é um caso de ataque de machismo, é só que, ele quem disse coisas fofas. Estava esperando ouvir isso de verdade agora...



Era início noite e a festa já estava bombando, afinal era uma das formaturas mais disputadas. Por isso a surpresa de vê-la ali. Quer dizer, a cidade inteira deveria estar naquela festa, e era exatamente por isso que se assustou: no meio de tanta gente foi encontrar com ela. Seria ela mesma? Por que duvidava? Era tão óbvio que era. Não sabia se chegava perto, se ignorava, se puxava assunto ou fingia que não viu. Optou por se apresentar.
_ Oi. Sou eu. Não acredito que fui esbarrar com você no meio de tanta gente!
_ Nem eu, principalmente porque você sumiu durante todo o mês. Quando foi a última vez que nos falamos? Ano passado?
Ele realmente ficou sem graça. Não esperava essa reação. Seria a mais óbvia, mas ela nunca fora óbvia.
Ela sabia que não era uma reação muito dela, mas estava cansada de reprimir seus sentimentos. Então, esqueceu disso por um momento. Na verdade, essa era uma reação extremamente dela, porque ela nunca fora tão ela.
_ Olha, de verdade, me desculpa. Entende que eu nunca tive coragem de te ligar, que diversas vezes menti, fingindo ser outra pessoa, então, seria de se esperar que eu não fosse honesto dessa vez.
_ Não, não seria. Era nossa única oportunidade depois de tanto tempo. Julguei ser chance de você ser honesto. Mas parece que você gosta de jogar.
_ Não é jogo, é covardia mesmo.
_ É, eu sei. Você é tão orgulhoso e covarde quanto eu. Sempre procurei por coisas em comum e agora que as descobri, não sei se era por isso que esperava.

O que ela falava? Estragava a chance de tornar aquele momento mágico.
_ Isso muda o que você sente?
_ ... - pensou por um momento
_ Na verdade, não. Esperei tanto por esse dia. Imaginei diversas situações, mas nunca pensei que seria desse jeito. E agora sinto que estamos estragando tudo mais uma vez
_ Orgulhosos, covardes e capazes de estragar as chances de sermos felizes... Acho que somos bem mais parecidos do que pensávamos
_ Pelo menos ainda somos capazes de nos redimir. Então, por que você não cala a boca e dança comigo? 

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Becoming who we are

Talvez as coisas fujam de nosso alcance por algum motivo. Talvez para você correr atrás delas e valorizá-las. Vai saber...
Mas e quando suas opiniões fogem de você mesma? Oras, eram minhas opiniões, minha propriedade, minha mente criando conceitos por aí. Como se foram assim?
Lembro do tempo que entendia de tudo que se passava dentro de mim. Conhecia-me como ninguém, me auto-explicava, conversa comigo mesma como forma de mostrar tal entrosamento.
E hoje? Quem sou? Quem sou eu sem pensamentos? Quem sou eu sem você?
Tentar entender o que não mais entendo é tão complexo pra mim. Há muito tempo não me imaginava assim: tão insegura e sem proteção. Sinto-me exposta sem minha casca protetora. Sinto-me vazia sem saber o que sinto, o que penso e o que sou hoje.
Nunca pensei que o tempo passaria desse jeito para nós. Nunca me imaginei duvidando dos meus sentimentos. Nunca me vi sendo essa pessoa que sou no momento, nem nunca esperei por isso.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Tente me olhar e provar que meu mundo acabou

Na cidade barulhenta, no campo mecanizado e no mundo globalizado, a palavra quietude virou sinônimo de doença séria, seja ela recebida com "Estou com depressão" ou com "Virei emo". Ninguém mais é classificado como tranquilo, quieto; agora as pessoas são depressivas, estranhas. Viver em um mundo particular e impenetrável é incômodo ao seu vizinho que nada tem a ver com seu mundo. Estar sozinho é sinal de incompetência, como se você não pudesse mais optar pelo estar desacompanhado. Nunca me disseram que felicidade fosse sinônimo de estar com alguém. De fato procuro pro alguém. É fato também que quando estou triste busco os amigos para abandonar a solidão. Mas gostaria de manter vivo o meu livre arbítrio e ter a certeza de que não perturbo ninguém com a minha tranquilidade que surge muitas vezes sem motivo. Preferia não ter que mentir e dizer que é apenas cansaço, porque quase nunca é. Quero pegar uma cadeira, sentar no canto da sala daquele meu jeito desengonçado e manter-me concentrada no que - no momento - me parece conveniente em se dar atenção. Quero fechar as janelas pro sol - sem que isso pareça um ato rebelde -, sentar na cama, fechar os olhos, sentir o silêncio me envolver e meditar. Nunca me esqueço quando viraram para mim e disseram "Tudo bem... no seu mundo?". E estava. Não estava perfeito, mas me agradava estar naquele instante vivendo em meu mundo. É disso que preciso: de compressão, de segundos de reflexão e entender meu coração.
 
By Biatm ░ Créditos: We ♥ it