terça-feira, 24 de novembro de 2009

...Se você parar pra pensar, na verdade não há

   Aquela luz vermelha tomava conta daquele pequeno quarto cercado de fotografias presas em uma espécie de varal, e lá estava ele sentado em um banco giratório olhando para uma fotografia de alguém que ele nunca mais veria. Era uma foto antiga de um passado feliz e nostálgico de duas crianças: uma menina com maria-chiquinha e sorriso encantador segurava fortemente a mão de um menino de olhar sapeca.
   Sempre foram tão amigos que dessa amizade surgiu um primeiro amor nunca declarado. Ele guardava aquele sentimento, sem coragem de revelar nem abrir seu coração. Nunca chegou a saber se ela o amava também.
   Passaram por todos os momentos juntos: o primeiro beijo, a morte de sua mãe, a separação dos pais dela, a primeira vez, a formatura e muitos outros. Sentia, acima de tudo, felicidade por tê-la achado, por ter encontrado nela uma grande amiga e uma enorme gratidão por tudo que ela representou para ele em todos esses anos.
   Sentia dor ao olhar aquela foto, porque era um passado sem volta. Não pelo tempo que ele sempre soube que não retornava, mas sim por causa da morte. Teria que conviver com aquilo pelo resto da vida, pois ela tinha partido. Partiu sem nem ao menos saber o quanto ele a amava. Ele sentia a dor da perda e a dor da saudade que pareciam intensas demais para o seu peito que estava apertado e dolorido.

   Sentado em seu estúdio, ele, enfim, chorava, derramava lágrimas por seu amor que se fôra, sem precisar se esconder de ninguém. Contudo, mantinha a certeza de que o mais belo sentimento do mundo era aquele que ele guardava dentro de si há tanto tempo e que fazia com que seu coração fosse pra sempre dela.

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By Biatm ░ Créditos: We ♥ it