Ninguém sobe, ninguém desce. O direito de ir e vir? Bom, ele perde a prioridade quando se fala em vidas. Essa noite ninguém sai de casa, ninguém aparece na rua. Todo mundo assiste ao jornal nacional e vê a realidade cruel da cidade. BOPE, PM, Caveirão, a polícia sobe o morro pra tentar conter a confusão. Helicópteros caem do céu como chuva, no meio de uma explosão e não, não são os fogos de 1 de Janeiro. A realidade é essa: bandidos mais bem armados que a polícia, uma cidade controlada pelo tráfico, moradores nas mãos de quem realmente manda ali e um Estado mais ausente que o status da minha amiga no msn.
Até quando isso vai durar? Até quando vamos ter nossas vidas controladas pela impunidade, injustiça e pela violência? Vou ter que depender de balas perdidas pra sair de casa? Vou ter que me esconder pra não ser refém dessa confusão? Até quando a polícia não vai ter poder de decisão e vai se vender pro crime? Até quando vai existir crime como uma escolha de uma vida sem escolhas?
E a gente vai seguir assim? Vendo mortes sendo anunciadas na TV, preocupados se amanhã vai chover, vendo a vida passar incorretamente e não perceber? Vamos fechar os olhos pra essa verdade surreal, pra essa vida material, pra essa nossa crise existencial?
Abre seus olhos aí. Repara que a vida passa e o que fica pros seus filhos é esse legado crimoso, esses atos cruéis, essa desigualdade, essa impunidade. Presta atenção que tem que cair água do céu, não é helicóptero, não.
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