terça-feira, 27 de outubro de 2009

À espera do renascimento

Presa estou a essa terra que não me deixa não acreditar no poder da natureza e no poder de cada um de mudar o que parece impossível. Meu inocente pé de feijão não cresce mais nem em algodão e os coqueiros que não dão mais cocos nessa Aquarela do Brasil. Meu planeta esquenta, meu rio está sujo, meu bueiro entupido e minha mata desmatada. Efeito estufa, inversão térmica e aquecimento global: é o planeta se revoltando contra os vilões dessa história que cada vez chega mais próxima do fim.
Ainda assim, me prendo a essa terra, na esperança de ver tudo mudar. Espero o dia em que o céu voltara a ser azul e não mais cinza, minha alface terá gosto de vegetal e não de agrotóxicos ou inseticidas e minha Mata Atlântica estará renascendo.
Renascimento, talvez seja por esse motivo que espero nessa terra. Aguardo pela volta da minha verde esquina, pela consciência ecológica do ser humano e pela vontade de agir contra o mal antrópico. Espero para ver milhares de pessoas à minha janela, protestando por um mundo mais limpo e capaz de nos abrigar.
Você vê o verde virar cinza, o natural virar artificial, a natureza viva torna-se morta e não faz nada; lê cada uma dessas palavras e acha que faço tempestade em copo d'água. Enquanto isso, fora da porta da sua casa, tempestades de verdade acontecem no território vizinho, sua própria floresta tropical vira propriedade inimiga e as estações do ano se invertem.
Não fecha os olhos pro que parece não te afetar, porque esse ar poluído que respiro é o mesmo que o entra pelo seu nariz. Muda! Plante o renascimento.

sábado, 24 de outubro de 2009

Toda hipocrisia e toda afetação

Talvez eu seja tão hipócrita quanto às pessoas que aponto, pois finjo não saber algo que não sai da minha mente. Todo dia quando acordo, vejo essa mesma história passar por cada nervo do meu cérebro e os neurônios são capazes de acender uma luz que diz que minha decisão está tomada. Todo dia eu passo pelo mesmo ritual de condenação pra na hora da verdade, dar pra trás. Posso ser sim, hipócrita, pois toda vez que falo com você, ignoro os fatos, mas ignoro-os de mim mesma, e não de mais ninguém. Posso ser hipócrita, mas minto, escondo, engano a mim mesma. E se pra toda ação, tem uma reação, esse fato posterior irá apenas me atingir. Acho mais conveniente pra nós que eu feche os olhos pra essa verdade que eu já enxerguei. Acho mais fácil, menos cansativo passar por cima das mentiras que já descobri, porque se reveladas vão desencadear em brigas e com isso, o que eram palavras inventadas virariam grossas lágrimas.
Boto, então, a máscara da burrice, pois prefiro pagar de enganada a infeliz.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Gotta keep my faith alive till love is found

Ninguém sobe, ninguém desce. O direito de ir e vir? Bom, ele perde a prioridade quando se fala em vidas. Essa noite ninguém sai de casa, ninguém aparece na rua. Todo mundo assiste ao jornal nacional e vê a realidade cruel da cidade. BOPE, PM, Caveirão, a polícia sobe o morro pra tentar conter a confusão. Helicópteros caem do céu como chuva, no meio de uma explosão e não, não são os fogos de 1 de Janeiro. A realidade é essa: bandidos mais bem armados que a polícia, uma cidade controlada pelo tráfico, moradores nas mãos de quem realmente manda ali e um Estado mais ausente que o status da minha amiga no msn.
Até quando isso vai durar? Até quando vamos ter nossas vidas controladas pela impunidade, injustiça e pela violência? Vou ter que depender de balas perdidas pra sair de casa? Vou ter que me esconder pra não ser refém dessa confusão? Até quando a polícia não vai ter poder de decisão e vai se vender pro crime? Até quando vai existir crime como uma escolha de uma vida sem escolhas?
E a gente vai seguir assim? Vendo mortes sendo anunciadas na TV, preocupados se amanhã vai chover, vendo a vida passar incorretamente e não perceber? Vamos fechar os olhos pra essa verdade surreal, pra essa vida material, pra essa nossa crise existencial?
Abre seus olhos aí. Repara que a vida passa e o que fica pros seus filhos é esse legado crimoso, esses atos cruéis, essa desigualdade, essa impunidade. Presta atenção que tem que cair água do céu, não é helicóptero, não.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bem-vindo de volta

Gosto de pessoas que não dependem só de mim pra puxar assunto. Tem dias que eu prefiro me esconder dentro do meu castelo de areia do que enfrentar o mundo real. Bato o quadril na parede e o nariz na porta. Não tenho paciência pra experimentar roupa nem pra assistir TV. Aprendi a ficar sozinha e tirar proveito desses momentos. Tenho medo de perder as esperanças e cair no fosso da descrença. Medo do dia em que o sol não vai nascer ou que no céu não haverá estrelas nem lua. Gosto quando as pessoas me perguntam coisas. Gosto do meu tênis desenhado e sujo. Detesto louça suja na pia. Aprendi a gostar de dias de sol e dias de chuva. Gosto da sensação de conforto quando reconheço onde estou. Tenho um ritual de manias antes de dormir. Detesto esquecer o que ia falar. Física me deprime. Amendoim e chocolate me dão espinhas. Acordo cedo aos fins de semana. Não sei ser grossa. Durmo com os pés cobertos mesmo no calor. Tenho alergia a tudo. Rio de piadas idiotas e comentários internos. Faço careta em foto. Quero aprender a tocar violão. Sempre me dei bem com professores e nunca fiquei de recuperação. Sou viciada em pão de queijo e mate. Não consigo nem sentir o cheiro de manga. Não sei se sou só um grão de areia ou se faço a diferença. Adoro abraços apertados e beijos estalados. Sou que nem Sandy.
 
By Biatm ░ Créditos: We ♥ it