_ Não importa o que eles façam! A USP está tomada pelos estudantes e não vamos sair até que o atual presidente saia do poder
_ O Costa e Silva não vai deixar a cadeira dele. Acho melhor vocês evacuarem o prédio - era a sugestão da policia naquele momento
_ Não. Sem negociações. Quando houver uma democracia, ligue para cá - desligou
Era 20 de dezembro de 1968, há uma semana o Ato Institucional 5 fora implantado pelo atual presidente, o general Arthur Costa e Silva, e entre algumas medidas, a repreensão militar aumentou arduamente.
A Universidade de São Paulo fora invadida por estudantes que protestavam e pediam pela redemocratização do país. Acredita-se que cerca de 150 jovens estavam no local para serem notados e quem sabe, ouvidos. Tinham ideais e estavam ali para buscá-los.
Dali a cinco dias seria Natal, a família desses jovens pedia, aos prantos, para que saíssem do prédio de forma pacífica, sem tiros e sem resistência, mas para eles, não importaria se a polícia fosse usar da força ou não; não cojitavam, em hipótese alguma, abandonar a faculdade. Resistiriam até o fim, e no fundo, sabiam que os pais são seriam atendidos, porque se eles não cederiam, a polícia muito menos. Sabiam que haveria tiro, sangue e luta. E era exatamente o que queria. Quando maior o espetáculo, mais o circo é visto. Era tempo de Paz e Amor no mundo, mas ali eram um verdadeiro campo minado.
Dia 24 de dezembro, véspera de Natal, a polícia já ameaçara por diversas vezes. Telefonemas chegavam a todo momento pedindo que os estudantes se rendencem. Chegavam notícias de todo o país. Diversas outras universidades federais haviam sido invadidas. Agora o movimento ia do litoral até o interior, de Norte a Sul do Brasil.
A "galerinha" da USP estava empolgada com a repercussão do movimento, mas sabiam que quanto mais a notícia se espalhava, mais ameaçado o governo se sentiria. Começavam a pensar que talvez fosse a hora em que os atos tomariam o lugar das ameaças.
_ Vocês não acham que logo a polícia invade o prédio? - uma ténua nuvem de aflição ocupava lugar na sala de aula ocupada por seis jovens
_ Talvez. A gente vem esperando invasão há quatro dias. Pode ser hoje, pode ser depois - filosofava o moreno de Geografia
_ Será que o mundo sabe do nosso protesto? - sonhava a loirinha de Direito
_ O Brasil precisa saber. Não dá para ficar enviando intelectuais, músicos e escritores pra fora do país. Não dá pra ficar censurando cada música que saiu no Festival Internacional da Canção porque elas contam a verdade sobre esse país podre onde vivemos!
E entre "Uhuuul", "É isso aí!" e palmas, o cara de Medicina pegou o violão e começou a dedilhar a marca de uma época de censura, quando o governo mandava no que era falado, cantado e publicado.
"Caminhando e cantando e seguindo a canção/Somos todos iguais braços dados ou não/Nas escolas nas ruas, campos, construções/Caminhando e cantando e seguindo a canção/Vem, vamos embora, que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
Dia 26 de dezembro a USP fora invadida pelos militares.
Tiros, cacetetes, cavalos pisando em gente sem saber o que isso representa, fazendo mais papel do amigo medroso do que do vilão artroz.
Passos sem rumo, suor que molhava o chão junto com as lágrimas.
Fogo que vem de dentro, fogo que queima a biblioteca. Vontade de gritar, mas a palavra entala quando chega na garganta. Gritos de raiva, de dor, de crueldade. Vermelho-sangue: essa era a cor da luta.
E esse mesmo vermelho, vermelho-sangue, era a cor da paixão, cor do líquido que corre pelas veias e chega ao coração. Coração que não bateria mais.
Músicas não seriam mais ouvidas.
13 comentários:
Não foi para isso que nós fizemos a revolução?
Olha, seu texto ficou legal (:
Mas, conselho de amigo: acho que a proposta do BK não foi pra esse rumo não!
Beijos, se cuida!
REvolução, será que ela está dentro de nós mesmo?
enfim, permanecer lutando.. essa é a cara do Brasil.
bj
Eu me envolvo de um jeito em assuntos sobre 2ª Guerra Mundial e Ditadura Militar, que viajei nessa sua história. E quantas histórias imaginadas não foram verdades, né?
Acho que nós perdemos um pouco esse ímpeto de revolucionar, apesar dos pesares, o governo de Brasília conseguiu uma faceta nesses últimos meses. Apenas um engatinhar, porém podemos fazer mais, mais, muito mais...
Obrigada pela força, precisava de um tempo do blog e estou de volta! (:
Beijos
;*
Simplesmente adorei, sem mais palavras :)
Que lindo blog !!!
Estou seguindo e linkando!
Bjos!
Que. lindo. texto.
Você escreve muito bem!
E obrigada por visitar meu blog!! Adorarei ver você mais por lá. Alías, seu blog é MUITO fofo! Com certeza voltarei mais vezes *-*
xx
Muito bom, adoro seu blog! Tem selinho pra você, la no meu, beijos
Quando vejo na TV que alunos e professores apanham de policiais por qualquer manifestação ou direto e o MST continua ganhando dinheiro público para destruir laranjais, tenho certeza que o Brasil não mudou nada...
Ainda andamos sem lenço e documento.
A realidade do nosso Brasil nunca foi uma maravilha; e continua não sendo.
Músicas de protesto apenas não surgem efeito; mas ajudam a conscientizar.
=*
É uma pena não existirem mais protestos e movimentos como antes para conseguirmos nossos direitos, porque tem coisas que acontecem porque nós nos acomodamos, um grando exemplo é a enorme corrupção no Brasil e ninguém nunca faz nada.
"Sou brasileiro e não desisto"
Já ouvi muito disso , mas, até onde isso deixa de ser apenas marketing? Será que todos realmente entendem o real sentido dessa frase?
Os protestos não têm tanto efeito como antes, mas nunca podemos perder o respeito por tudo aquilo que foi conquistado com muita luta. Então: LUTEMOS.SEMPRE!
Abraços.
oiie *-* estou seguindo aqui, amei seu blog ! depois dá uma passadinha lá no noss : www.thetrashyfame.blogspot.com
Postar um comentário