O meu maior erro foi sentar no sofá da sala e perceber que meus pés já alcançavam o chão.
Certo dia, abri o armário e vi todas aquelas bonecas jogadas no canto, esquecidas, porque os meninos começaram a soar mais interessantes do que uma loira plastificada. E reparei que a árvore no quintal parecia não suportar mais o meu peso, nem meu tamanho.
Corria dos meus amigos quando brincávamos de pique e hoje, corro do tempo que quer se aproximar e me dizer que existem milhares de responsabilidades e um mundo de gente grande esperando que eu cresça.
O meu maior erro foi não ter tirado, pelo menos de seis em seis meses, meus ursinhos de pelúcia do armário, e ter dito o quanto foi bom ter crescido com eles; e que mesmo grande, mesmo dando-os para outras crianças, eles vão ser para sempre meus ursinhos de pelúcia.
O sol está se pondo, a pipa ainda está empinada no céu, voando livre, guiada pelas mãos de uma criança qualquer, e eu consigo lembrar de que há alguns anos era eu quem a controlava. Meu maior erro foi ter deixado a pipa cair.
Então me ensinaram que teríamos que crescer e que o tempo voava e não notávamos; eu pensava que isso era coisa de gente velha saudosista. Me peguei hoje, andando pela cozinha, e pensando o mesmo. E meu maior erro foi não ter fotografado cada momento da minha vida.
As fotos que ainda estão no armário me mostraram o quanto eu cresci, mas me alertaram que não mudei tanto assim, pois sei que quando vejo meu primo derrubando garrafas com uma pedrinha, volto a ser criança, fazendo disso o jogo mais divertido do mundo. E ainda que meu maior erro tenha sido crescer, sei que posso manter um pé na infância para o resto da vida.
Feliz 17 aninhos para mim!
sexta-feira, 30 de julho de 2010
segunda-feira, 19 de julho de 2010
22-11
_ Por que fechaste a cara?
_ Porque levaste meu coração e agora não me restou nenhum
_ Podes ficar com essa flor em troca
_ Não. Gostaria do meu coração, mas agora... Agora sou só vazio. Vazio abismo que me separa do mundo e que me aproxima do nada. Temo que seja hora de ir embora.
Ela girou e seguiu caminho, lentamente, respirando e inspirando a pureza do ar.
_ E se eu te disser que tens meu coração? - gritou ele
Ela se virou para olhá-lo nos olhos
_ Não foi um roubo. Foi apenas uma troca. Um coração pelo outro.
_ E por que não me falou que estava com ele? - ela correu, nas pontas dos pés e parou à sua frente.
_ Tinha medo que não o aceitasse. Poderia jogá-lo no mar, na boca de um leão feroz ou dentro de um avião que voaria para outro país
_ E se o fizesse?
_ Acho que ele não resistiria de tanta dor. Dor pelo amor que fora renegado
_ Então me amas?
Ele abaixou a cabeça. Escapando com os olhos um tanto quanto tímido, e então respondeu:
_ Se amar é gargalhar sozinho por lembrar daquilo que me disseste anteontem e chorar por não ter me dado aquele belo sorriso ontem, e se amar é dar teu nome as estrelas e oferecer-te uma flor quando queria dar-te todo um jardim, então talvez eu ame de verdade - levantou os olhos, vencendo a timidez
_ Então devo confessar que aceito a troca. Seu coração pode ser meu, pois tenho certeza que o meu já se encaixara junto a seu peito.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A falta que você me faz
Quando houve a necessidade do amor? Foi naquela tarde em que o farol mostrou a dor, ou será naquela manhã quando confirmamos ser um corpo só? O meu faro sente a necessidade do seu perfume, do seu deslumbre. E por quanto tempo mais terei de esperar? Terei de ver o sol se encontrar com a lua, a flor florescer e perceber que não há mais lágrimas em meu travesseiro? Espero seu mundo girar na mesma órbita que o meu para dividirmos passos pelas esquinas e segredos pelos esconderijos da alma.
Eu nunca pensei estar só. Nunca pensei viver mal em nosso quintal que sempre foi repleto de transparências. Hoje, te procuro em meu escuro pessoal e só sinto perto de mim um temporal de sentimentos vazios. Sem o seu abrigo. Procurei suas letras entre meus papéis e suas melodias em algum lugar do meu computador, mas acho que ambas sumiram. Foram levadas por você quando bateu a porta da sala e disse que não voltaria mais. Não por falta de amor, apenas porque não era mais hora de se estar junto.
De tanto plantarmos, a flor brotou, mas como nosso amor, ela se criou na distância. Chorou ao partir. Tentei alcançar seus sentimentos e já estavas à mil. Seria impossível tentar entender as certezas e durezas criadas pelo universo em branco que avisto sentado em nosso velho banco. Tento dar mais atenção a cada pulsar do meu coração. Aproximo meus ouvidos para verificar se ele ainda bate. Verifico se ainda existem borboletas em meu estômago quando te vejo. Olhando em volta, uma simples frase fala por mim: Você faz falta. Torço para que batas em nossa porta.
Eu nunca pensei estar só. Nunca pensei viver mal em nosso quintal que sempre foi repleto de transparências. Hoje, te procuro em meu escuro pessoal e só sinto perto de mim um temporal de sentimentos vazios. Sem o seu abrigo. Procurei suas letras entre meus papéis e suas melodias em algum lugar do meu computador, mas acho que ambas sumiram. Foram levadas por você quando bateu a porta da sala e disse que não voltaria mais. Não por falta de amor, apenas porque não era mais hora de se estar junto.
De tanto plantarmos, a flor brotou, mas como nosso amor, ela se criou na distância. Chorou ao partir. Tentei alcançar seus sentimentos e já estavas à mil. Seria impossível tentar entender as certezas e durezas criadas pelo universo em branco que avisto sentado em nosso velho banco. Tento dar mais atenção a cada pulsar do meu coração. Aproximo meus ouvidos para verificar se ele ainda bate. Verifico se ainda existem borboletas em meu estômago quando te vejo. Olhando em volta, uma simples frase fala por mim: Você faz falta. Torço para que batas em nossa porta.
(Por Luiza e Carlo)
Obrigada, Carlo, pela iniciativa de me convidar para que juntos, pudéssemos escrever sentimentos e sentir palavras. Sinto falta de seus comentários e de suas postagens. Com carinho, Luiza
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quinta-feira, 8 de julho de 2010
Vai que acontece...
"É difícil viver as verdades do mundo
quando o seu coração não se sente à vontade"
Eu sei que quando atravessar a rua você não estará dentro daquele carro berrando por meu nome, enquanto eu procuro por palavras em prédios altos. Sei que o telefone está tocando, mas não é você me acordando para irmos a praia ver a vida passar. Você não me chamará pra dar uma volta no calçadão, fim de tarde no Rio de Janeiro, a pedra do Arpoador esperando pelas nossas conversas e risadas bobas. Já entendi que quando eu saltar o degrau, você não estará lá para me segurar no colo e me girar, sem medo de parecer tolo. E nas tarde frias não seremos nós dois debaixo do edredom, duas xícaras de chocolate quente e um filme qualquer passando na TV. Eu sei que o barulho que adentrou o meu apartamento não foi você do outro lado da porta com um buquê de minhas flores preferidas e meia dúzia de palavras românticas. Eu sei das verdades que o mundo faz questão de jogar na minha cara, dando-me um tapa toda vez que ouso tirar meus pés um pouco do chão para sonhar, mas vai, vai que acontece...
domingo, 4 de julho de 2010
Chaves
Minhas palavras se encaixam perfeitamente com a tristeza. Feito a chave - que você deixou debaixo do tapete para que quando eu chegasse, conseguisse abrir a porta sem fazer estardalhaço - e a fechadura da sua casa. Não me agrada perceber que elas só mancham o papel quando as coisas fogem do meu controle, mas você vive escapando pelos meus dedos. Fugitivo e fugaz.
Volta? Não me peça para voltar, pois certamente aceitaria. Apenas não é certo que seja eu, pois foi você quem optou por abandonar nossos sonhos em algum canto da pracinha junto à flor que te dei. Não tenho para onde voltar se continuo no mesmo lugar, ainda esperando você dizer que a porta nunca esteve fechada.
Não quero ir embora antes de você. Ter de virar as costas e não poder olhar para trás para saber sua reação. Prefiro te ver seguir. Ser eu aquela quem vai dizer 'adeus', pois já me acostumei.
Ainda assim, se puder, se ainda quiser, deixa a chave debaixo do tapete enquanto eu espero na portaria.
Volta? Não me peça para voltar, pois certamente aceitaria. Apenas não é certo que seja eu, pois foi você quem optou por abandonar nossos sonhos em algum canto da pracinha junto à flor que te dei. Não tenho para onde voltar se continuo no mesmo lugar, ainda esperando você dizer que a porta nunca esteve fechada.
Não quero ir embora antes de você. Ter de virar as costas e não poder olhar para trás para saber sua reação. Prefiro te ver seguir. Ser eu aquela quem vai dizer 'adeus', pois já me acostumei.
Ainda assim, se puder, se ainda quiser, deixa a chave debaixo do tapete enquanto eu espero na portaria.