sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sobre a força dos amores

   Chegou de um jeito que não notei. Meu sorriso se desprendia da face e voava feito borboleta, meu cérebro se prendia como um imã que se gruda ao outro - não querendo largar de jeito nenhum - e meu estômago urrava de ansiedade enquanto eu esparava. Surgiu simples e devastador, como temporal que destroi a paisagem cotidiana. Porém foi mais que uma chuva de verão que faz alarde, vem forte, mas dura pouco. Foi como a brisa do mar que independe do tempo para estar ali - faça chuva ou sol lá está ela nos refrescando um pouco mais.
   O tempo passou, muito tempo pra falar verdade, e só fazia aumentar, como o calor dessa cidade. Por tantas vezes senti saudade de algo que nunca cheguei a ter, por tantas vezes desejei algo que não sabia ser real e por tantas vezes me permeti chorar por não conseguí-lo.
   Quando o sol aparece depois de tantos dias de chuva, por mais singelo que ele seja, as pessoas saem às ruas com roupas leves, pois esperavam pelo sol há tanto tempo que um mínimo raio de luz lhe bastam. Sempre ansiei por você como elas ansiavam pela grande estrela. Elas receberam o que queriam, eu não.
   Caminharia em sua direção a 300 km/h se soube que assim que pulasse você me tomaria nos braços, mas sei que, hoje em dia, você me deixaria cair. Não por maldade e sim porque espera-se muito desse ato; não porque sou pesada e sim porque você não tem mais forças. Amar desgasta e nós estamos cansados.
   Então, se puder, se ainda sobrar-lhe forças e vontade de me ver, me encontre no meio do caminho. Vamos sentar naquele velho balanço e contar como foram nossos dias distantes um do outro - no meu caso, distante do mundo. Deixa esse temporal chegar de novo e nos encharcar por inteiro.

Selos para selar

Nunca recebi selos. Nunca me envolvi nesse mundo de blogs a ponto de acompanhar cada sílaba escrita por alguém. Escrevo pra desabafar o que não consigo desabafar nem mesmo com amigos mais próximos. Hoje fui ver que Não solta minha mão nunca, tá? me indicou para ganhar selinhos e fiquei tão feliz por ver tanto reconhecimento. Tenho recebido muitos elogios e demonstrações de carinho e atenção. Muitas pessoas me dizem que adoram o que eu escrevo, mas isso é o de menos pra mim, o que é mais lindo de se ouvir é quando elas falam que se identificam, que eu as faço pensar. Presto vestibular esse ano e já eliminei tantas carreiras que se encaixam em certas características do meu perfil, mas que vão contra alguns dos meus valores. Então, ler que de alguma forma tenho mudado uma sementinha do cérebro de vocês vem me impulsionado muito a seguir acreditando nesses meus valores. Obrigada pelos elogios, pelos selos e pelo carinho.

Regras
- Passar para dez pessoas (o que eu não vou fazer, mas passarei para algumas):
  1. Smell of secrets 
  2. Ella en palabras 
  3. Fato sem palavras 
  4. Daniela Filipini 
  5. Caixa Preta 
  6. Prefira as joaninhas
- Contar um lindo momento em sua vida:
O dia que não aconteceu, mas que espero ansiosa. O dia em que deixarás de ser bobo e me tomarás em seus braços para tornamos nossos planos e sonhos realidades, pois sempre buscamos felicidade um no outro e sei que encontrarei a minha em ti.

 

Regras
- Dizer cinco coisas que deixam sua vida mais doce:
  1. Sonhos
  2. Estrelas
  3. Amor
  4. Amigos
  5. Sorrisos

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Vamos julgar os corajosos e os apaixonados

   Deus é um cara simpático, sabe? Mas bastante autoritário. Assim que soube que teria a chance de voltar à vida, ele me pôs de frente com vários perfis contorcidos, modelos de infelicidade e atores de uma peça solitária e mandou que escolhesse em qual deles voltaria à Terra. Todo majestoso, bateu palmas e diversas opções aparecem em um holograma. Ele me recitava cada mínimo detalhe que aquele pobre ser iria sofrer e eu, se o escolhesse, obviamente, teria de enfrentá-lo.
   _ Senhor, prefiro não escolher
   _ Preferes ficar aqui no céu, fazendo-me companhia? - disse com voz de trovão
   _ Não, claro que não - Ele me olhou de lado e antes que pensasse errado de mim, apressei-me em explicar. _ Não que aqui não seja o Paraíso, literalmente - fiz graça. _ Mas escolher entre tantas opções, digamos, declinantes, é prefirível tirar a sorte.
   _ Decidir seu destino pela sorte? Que belo covarde, não?
   _ Talvez eu seja - constrangi-me com aquele julgamento celestial fora de hora. Já tinha passado pelo Purgatório, oras.
   _ Certo. Vá com Deus, ops, comigo mesmo! - brincou o Todo Poderoso. _ E boa sorte. Seu corpo já fora escolhido.
   Depois de uma viagem rápida pelo escorrega que me trouxe de volta à Terra, lá estava eu, em um novo corpo. Abri os olhos e uma luz clara de hospital quase me cegou. Seria um recém-nascido? Ninguém me disse que esse recomeçar significava recomeçar do começo exatamente. Olhei para minhas mãos e eram de um adulto e estavam com uma agulha pendurada em cada. É, estava mesmo em um hospital. O médico chegou pra me contar novidades
   _ Vejo que está acordado! Fico feliz. Depois de tanto tempo. Não esperávamos que voltasse. Parece que alguém lá em cima gosta muito de você. - "É o que veremos", pensei.
   _ Doutor, o que faço no hospital?
   _ Ah, digno não se lembrar de muita coisa. Você tentou se matar a um ano e meio. Tomou remédios, bebeu e injetou drogas ilícitas. Foi trazido as pressas pro hospital e cuidamos de você todo esse tempo, mas confesso que nossas esperanças se esvaziavam a cada dia.
   _ Por que tentei me matar? - perguntei pasmo.
   _ Não sabemos exatamente. Parece que o senhor não tem família. Uma moça nos contou que foi por amor, mas não entrou em detalhes. Ela te faz visitas constantemente e não permitiu que desligássemos os aparelhos.
   Sai do hospital uma semana depois, ainda sem conhecer a moça que me dera um corpo na Terra. Instalaram-me onde deveria ser minha antiga casa. Um lugar aconchegante que fez com que eu me sentisse vivo novamente.
   Uma carta escorregou pela soleira da porta duas semanas depois do meu adeus a todos os lugares excessivamente brancos aos quais eu visitara nos últimos tempos: céu e hospital. O fato inesperado de receber notícias do mundo me fez correr para ler as novidades.
"Olá querido, 
 Você fugiu por um ano e meio, ein? Senti-me no direito de sumir por duas semanas. Desculpe pela demora, mas apesar de estar sempre ali - como você já deve saber -, não esperava que fosse sair daquela cama. 
Acostumei-me em ver a dor estampada em seu rosto. Sua boca contorcida, seus olhos fechados com força, como se pedissem 'por favor, não me deixem ver o que vai me acontecer'. 
O que deu em você pra tentar se matar? Acabar com a sua carreira de músico e destruir sua vida assim... Sinto muito se em algum momento pedi pelo fim, mas eu precisava. Você estava ficando transtornado com o sucesso e eu não conseguia mais acompanhar essa vida. Parecia não ter mais espaço para o amor na vida do astro. 
Não quero ser rude, longe de mim. O amor que sinto por você é tão grande, querido. Ficaria ao seu lado por muitas e muitas vezes. Não importa o que você fizesse, poderia enfrentar mares, tempestades e monstros ao seu lado. 
Certa vez você me disse que não há coragem maior do que aquela que o amor nos trás. Você me trouxe coragem pra te amar e enfrentar tudo. Você é um cara corajoso, afinal. Nunca abandonou um sonho ou uma ideia - até essa idiota de se matar.
Queria dizer que te amo, que te quero mais do que nunca. Desejo pelo seu bem e prometo estar ao seu lado para reconstruirmos nossas vidas juntos, porque não sou nada sem você. Infinitamente nada.
Com amor, 
Aquela que nunca lhe abandonou"
   Virei a carta, chequei o endereço e corri, ainda que trôpego. Corri e agradeci a Deus por ter feito aquela escolha. Que sorriso bangela ele acabara de me mandar. Fui ao encontro dessa mulher que não conhecia, mas com a qual me sentia disposto a iniciar uma vida ao seu lado. Depois de viver como covarde, fugindo do amor, lá estava eu, correndo para viver só dele.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quarta-feira cinza

Quarta-feira de cinzas
Não há luz nem brilho do lado de fora da janela
O céu está escuro; cinza
Dei adeus àquela aquarela
Acabou o Carnaval e toda a folia
Respiro aqueles velhos sonhos
Volto para minha astronomia
Espero a chuva de todos os anos cair
Percebo que começo a ficar presa
Quando o que eu mais quero é sair
Vejo-te caminhando pro lado oposto
Tudo parece sem gosto
Sinto-me triste como naquelas tardes de Agosto
O tempo roda, passa e não para
O ano só começa depois do Carnaval
Sigo em frente, tento voltar ao normal
Sem pensar no final

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pierrot e Colombina

    Aqueles dois coração vazios que pulsavam na avenida batiam no ritmo dos tamborins. Duas decepções e duas pessoas procurando afogar mágoas e esquecer passados. O Bloco do Eu Sozinho tinha que passar por completo em algum momento e eles esperavam ansiosos pelo dia em que não se sentiram mais tão sós.
   Ela  conversava com os amigos, sambava e sentia cada nota se desprender do instrumento e grudar em seus braços, suas pernas, sua face... Às vezes esticava o pescoço e seus olhos procuram por rostos conhecidos ou pelos olhos que a atormentava nos sonhos. Tinha virado uma mania: dançava e esticava o pescoço. A busca era cansativa, mas sabia que seria recompensada por aqueles olhos.
   Ele segurava a cerveja e já não disfarçava a procura. Estava sozinho e procurava pelos lábios que lhe perseguia até em pensamentos. Seus olhos buscavam pelos lábios ardentes que ele conhecia de outros Carnavais. Onde estaria ela?
   Ela de um lado da rua e ele do outro. Corpos tão próximos e corações tão afastados. Tempo quente e eles mantinham-se frios. A banda passava pelo meio da rua. Ela virou-se para olhar, ouvir aquela música que tomava conta de cada músculo seu. E por questões de segundos, seus olhares não se encontraram. Ficaram sem se notar. Ela voltou para seu mundo assim que ele saiu do dele. Seus relógios não estavam batendo o mesmo horário e o tempo não coincidiu. Ele desistiu de procurar e foi embora sem nem ao menos ver que seus lábios chamavam por ele em silêncio. Ela não percebeu que aqueles olhos foram observar os paralelepípedos e as nuvens e a deixaram ali. 
   "Vemos-nos no outro Carnaval, meu amor. Quando seus lábios, abertos, chamaram meu nome de forma que o mundo ouça. Então, não será mais Carnaval, pois criarei a minha própria festa interior, com coração seguindo a batida do bumbo e meus olhos seguindo seus passos"

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Confrontado pelos sonhos

Às vezes (o céu) fica cinza quando a chuva cai
Sempre em volta de você
Mas será que não é tempo de saber o que se quer
E como seria bom se alguém dissesse
Que não adianta contar estrelas por aí?
(Love song sem título - Aborto Elético)

Precisava de um sinal de fogo, porque ter aquela vida, passeando pelas labaredas do fogo estrelar não o levaria a lugar nenhum. Os castelos de areias estavam se desmoronando, por causa da maré alta que chegava para arrastar tudo. A maré chegava a oferecer ajuda: "Seria capaz de apagar todas as escritas na areia se você estivesse disposto a apagá-las de seu coração". Mas ele não estava. Era capaz de esquecer aquela fórmula de Física, o aniversário da amiga ou onde colocou o controle remoto, pois eram coisas da cabeça, porém sentimentos, sonhos e idealizações são coisas do coração. Sempre lhe disseram que tinha a mente fraca, e sempre compensou com um forte coração.
Um forte coração que agora se encontrava despedaçado e espalhado por todas as avenidas do bairro. Já tentara catar seus pedaços, mas só foi capaz de catar estrelas para ter em que acreditar. Os pedaços das estrelas brilhavam, chamando-o; já seu coração perdeu o brilho ao entrar em contato com o asfalto quente, afinal não tinha mais vontade de se esconder em seu peito - sabia que congelaria ali.
O cinza escuro do céu não o aterrorizava mais. Pra falar a verdade, pouco se importava. Quase nunca notava a passagem do tempo. Criou uma bolha de proteção para viver e nela não existia relógio e ampulhetas.
Precisava tomar decisões, mas não queria. Não queria sequer pensar e exigir de seu cérebro, por vezes tão cruel, capaz de confundi-lo e confrontá-lo: "É isso que queres: seguir a podre emoção? Sou a razão, dona de verdades inimagináveis"
Tinha que se decidir em algum momento, mas enquanto era tomado pela indecisão, apenas colhia as estrelas que brilhavam aos seus pés.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Não vou te dizer que não fui eu quem chorou na hora do adeus, pois não minto quanto aos meus sentimentos. Toda vez é sempre o mesmo roteiro de um filme sem um final que faça sentido. Cansa ser sempre quem tem esperança, mas não vou te dizer que não sou eu quem acredita na chance de tentar de novo. Não vou te dizer que não fui eu quem pediu para você voltar, pois não minto quanto a nada que diz respeito a nós dois.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Posso ouvir o vento passar, assistir a onda bater
Mas o estrago que faz, a vida é curta pra ver
Eu pensei que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo e para o tempo parar
Um século, um mês; três vidas e mais
Um passo pra trás? Por que será?
Vou pensar
Como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer
Isso eu vi, o vento leva!
Não sei, mas sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar é vontade de esquecer
E isso por quê? (Diz mais) 
Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez, se tem que durar
Vem renascido o amor, bento de lágrimas.
Um século, três
Se as vidas atrás são parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais, a gente vai saber
Claro de um trovão,
Se alguém depois sorrir em paz  (Só de encontrar...)
O Vento - Los Hermanos

Queria poder ter a certeza de que o vento vai levar tudo. Levar o que sinto, o que sentes, o que guardamos dentro de nós. Mas queria, principalmente, que ele levasse esse ponto final definitivo que você impôs.
Foto tirada pela pseudo-escritora que vos fala.
 
By Biatm ░ Créditos: We ♥ it