Elas começam lentas, tímidas, como se pedissem licença para tomar conta do silêncio que se fez
Clap, clap, clap
Mas então transformam-se no ar e preenchem os hiatos presentes
CLAP CLAP CLAP
Agora elas berram e contagiam.
Como pipoca na panela que estoura, anunciando que vem mais por aí
Ploc ploc ploc
E a panela vai ficando cheia, estufada e sem espaço para mais nada
Porém, sempre resta um milho por explodir
PLOC PLOC PLOC
CLAP
CLAP
CLAP
Clap
Clap
Clap
...
E aos poucos elas se encerram, porque tudo já está completo
Lota-se a panela de pipocas - flores brancas que se desfazem na boca
Lota-se a sala de sorrisos
Explodiram-se as bolhas de sabão
Foram-se as palmas
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Palavras de um futuro bom
Milhares de pessoas inocentes em risco. A vida já não é apenas efêmera, tornou-se banal. Caminhamos para a resolução de um problema de décadas ou para a Cova 11405 do São João Batista¹? As pessoas culpam o sistema, mas se esquecem que elas fazem parte do mesmo. E ele pode mudar quantas vezes quiser - podemos viver na Era do Capitalismo, implantar o Socialismo ou correr desnudos comemorando o Anarquismo -, mas o homem sempre será capaz de torná-lo falho. "Antes de mudar o mundo, a gente tem que mudar a gente mesmo", já dizia Renato Russo.
Tenho medo da escuridão à que tudo isso pode nos levar. O sol sofrer uma fissão nuclear, implodir e tudo ficar negro feito céu sem estrela para trazer esperança. Também temo não dar tempo de falar o que eu dormi sem dizer, pois preferi deixar para o dia seguinte e de protestar por aquilo que não acho certo e que está no lugar indevido.
Tenho medo de não falar de amor para quem eu amo ou presentear quem merece. Não debater sobre a paz, a fome e a coloração do meu cabelo. Temo não dar tempo de plantar uma árvore, terminar aquele livro e ter pelo menos um de meus onze filhos. Com toda essa despreocupação com a vida e com a segurança, tenho medo que eu ou um de meus amigos sejamos vítimas de bala perdida - assim como temo por aqueles que já se foram.
E em meio a tanto terror, temo que não dê tempo de depejar palavras de um bom. Palavras as quais creio que possam mudar vidas. Vidas que se vão sem nem ao mesmo eu ter tido a oportunidade de tomá-las para mim e gurdá-las na caixinha do escritório. Meu maior medo é seja tempo perdido...
Tenho medo da escuridão à que tudo isso pode nos levar. O sol sofrer uma fissão nuclear, implodir e tudo ficar negro feito céu sem estrela para trazer esperança. Também temo não dar tempo de falar o que eu dormi sem dizer, pois preferi deixar para o dia seguinte e de protestar por aquilo que não acho certo e que está no lugar indevido.
Tenho medo de não falar de amor para quem eu amo ou presentear quem merece. Não debater sobre a paz, a fome e a coloração do meu cabelo. Temo não dar tempo de plantar uma árvore, terminar aquele livro e ter pelo menos um de meus onze filhos. Com toda essa despreocupação com a vida e com a segurança, tenho medo que eu ou um de meus amigos sejamos vítimas de bala perdida - assim como temo por aqueles que já se foram.
E em meio a tanto terror, temo que não dê tempo de depejar palavras de um bom. Palavras as quais creio que possam mudar vidas. Vidas que se vão sem nem ao mesmo eu ter tido a oportunidade de tomá-las para mim e gurdá-las na caixinha do escritório. Meu maior medo é seja tempo perdido...
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Em um final de semana de vestibular
Resolveu chover. Resolveu molhar tudo...
As folhas das flores de março que estão na minha janela
E as folhas das provas amarelas que foram jogadas no chão
O portão fechou. Fechou bem no teu nariz
E só te restou chorar. Deixar a água cair, feito chuva
Eu, dentro da sala, concentrava-me em questões banais
Que nem de longe chegavam perto daquelas que tiraram - e ainda tiram -
O meu sono de estudante insegura
Por diversas vezes eu me perdi em meio a tantas palavras e definições
Aí tinha a chuva pra me trazer de volta à Terra.
Trouxe à tona as contradições de um país
Onde as crianças sorriem pela primeira bola
(País do futebol e dos maiores craques)
E os idosos choram pela primeira aposentadoria
(Filas intermináveis para receber uma quantia que mais lhe diz:
"Bem-vindo à terceira idade e ao esquecimento governamental")
E foi então que eu reparei que escrevia sobre dignidade
Para dias depois descobrir que os aplicadores
Esqueceram-se o que ela significava.
Fiquei sem nota, feito idiota, sem meus pontos
Fiquei na chuva esperando chover mais
As folhas das flores de março que estão na minha janela
E as folhas das provas amarelas que foram jogadas no chão
O portão fechou. Fechou bem no teu nariz
E só te restou chorar. Deixar a água cair, feito chuva
Eu, dentro da sala, concentrava-me em questões banais
Que nem de longe chegavam perto daquelas que tiraram - e ainda tiram -
O meu sono de estudante insegura
Por diversas vezes eu me perdi em meio a tantas palavras e definições
Aí tinha a chuva pra me trazer de volta à Terra.
Trouxe à tona as contradições de um país
Onde as crianças sorriem pela primeira bola
(País do futebol e dos maiores craques)
E os idosos choram pela primeira aposentadoria
(Filas intermináveis para receber uma quantia que mais lhe diz:
"Bem-vindo à terceira idade e ao esquecimento governamental")
E foi então que eu reparei que escrevia sobre dignidade
Para dias depois descobrir que os aplicadores
Esqueceram-se o que ela significava.
Fiquei sem nota, feito idiota, sem meus pontos
Fiquei na chuva esperando chover mais
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
"Sobra tanto espaço dentro do abraço "
_ Senti sua falta...
_ Eu também senti a sua. Senti falta dos nossos papos, do seu cafuné e de todas as músicas que você deixou no meu estojo.
_ Então por que você não me abraçou direito? - ela estava confusa agora
_ Porque saudade é um sentimento difícil de sumir. Nós temos pessoas e momentos especiais e nos apegamos tanto a isso que sentimos saudade. As pessoas somem e os momentos passam. Podemos nos reencontrar, mas os momentos... Eles não voltam
_ Mas as pessoas voltam... Não estou aqui de novo? Do seu lado... Quando iriamos imaginar. Achei que já estava tudo mais do que abandonado. Você foi viver sua vida de um jeito totalmente diferente do meu - justificou-se ela
_ Sim. Estamos aqui. Mas e aí? O que vai acontecer depois disso? Eu vou te deixar em casa, achar que ficou tudo bem, mas nada vai ser como antes. Você vai me chamar pra sair, eu vou ter outros planos. Eu vou te chamar pra fazer qualquer coisa, você vai ter que estudar. E assim vamos nos perder, mais uma vez - explicou ele
_ Mas e se não nos perdermos? Se traçassemos o mesmo caminho e seguissemos a risca os ladrilhos?
_ De certo bateria um vento, cairia uma pedra, aconteceria um imprevisto. Então, um de nós mudaria de rumo.
_ O que isso quer dizer? - questionou já com lágrimas nos olhos. Não esperava esse tipo de conversa
_ Quer dizer que você ainda vai ser a menina mais doce que eu já conheci. A que mais me entendeu e a melhor amiga que eu vou desejar ter pra sempre. Mas eu não vou culpar a vida, Deus ou o destino - chame como quiser - pelo que aconteceu com a gente
_ E o que você vai fazer?
_ Vou guardar os momentos bons que passamos juntos
_ Entendi... - abaixou a cabeça
_ Desculpe. Não queria te magoar - sentiu-se culpado ao vê-la daquela forma
_ Tudo bem - passou a mão nos olhos, secando as lágrimas. _ Só quero ter momentos de reecontro pra lembrar também. E quero abraços apertados
_ Nada de espaços
_ Deixa os espaços pros momentos que não passamos juntos... - concluiu ela
_ Eu também senti a sua. Senti falta dos nossos papos, do seu cafuné e de todas as músicas que você deixou no meu estojo.
_ Então por que você não me abraçou direito? - ela estava confusa agora
_ Porque saudade é um sentimento difícil de sumir. Nós temos pessoas e momentos especiais e nos apegamos tanto a isso que sentimos saudade. As pessoas somem e os momentos passam. Podemos nos reencontrar, mas os momentos... Eles não voltam
_ Mas as pessoas voltam... Não estou aqui de novo? Do seu lado... Quando iriamos imaginar. Achei que já estava tudo mais do que abandonado. Você foi viver sua vida de um jeito totalmente diferente do meu - justificou-se ela
_ Sim. Estamos aqui. Mas e aí? O que vai acontecer depois disso? Eu vou te deixar em casa, achar que ficou tudo bem, mas nada vai ser como antes. Você vai me chamar pra sair, eu vou ter outros planos. Eu vou te chamar pra fazer qualquer coisa, você vai ter que estudar. E assim vamos nos perder, mais uma vez - explicou ele
_ Mas e se não nos perdermos? Se traçassemos o mesmo caminho e seguissemos a risca os ladrilhos?
_ De certo bateria um vento, cairia uma pedra, aconteceria um imprevisto. Então, um de nós mudaria de rumo.
_ O que isso quer dizer? - questionou já com lágrimas nos olhos. Não esperava esse tipo de conversa
_ Quer dizer que você ainda vai ser a menina mais doce que eu já conheci. A que mais me entendeu e a melhor amiga que eu vou desejar ter pra sempre. Mas eu não vou culpar a vida, Deus ou o destino - chame como quiser - pelo que aconteceu com a gente
_ E o que você vai fazer?
_ Vou guardar os momentos bons que passamos juntos
_ Entendi... - abaixou a cabeça
_ Desculpe. Não queria te magoar - sentiu-se culpado ao vê-la daquela forma
_ Tudo bem - passou a mão nos olhos, secando as lágrimas. _ Só quero ter momentos de reecontro pra lembrar também. E quero abraços apertados
_ Nada de espaços
_ Deixa os espaços pros momentos que não passamos juntos... - concluiu ela
domingo, 31 de outubro de 2010
Verões
"E no meio de um inverno eu finalmente aprendi que havia dentro de mim um verão invencível"
Chuvas torrencias, cheiro de terra molhada e as lembranças passando pela janela do ônibus...O inverno congelava os dedos que estavam fora do casaco
E roseava bochechas expostas à gélida brisa que vinha do Sul,
Eu que resolvi ignorar, fazer dele intenso verão
Calor escaldante desse Rio 40º e transformar todos os meus dias
Em dias de praia esperando o sol se pôr para ir embora
Fazer do meu inverno verão que retorce as árvores com vento quente que anuncia temporal
Verão inesquecível
Invencível
E talvez,
Inexistente...
domingo, 10 de outubro de 2010
Verdades de meu mundo
Às vezes escondemos palavras em gavetas e melodias em pastas como se o passado fosse passivo de ordem e aceitasse ficar guardado ali pra sempre. Mas o espaço é pequeno e escuro. Cabe pouco de toda uma história que ainda não foi.
Eu já tentei esconder o coração numa folha de papel e lágrimas no travesseiro. Já tentei fingir que vivo do mais puro presente quando, na verdade, transito por todos os lugares e tempos verbais. E confesso: já tentei me enganar por diversas vezes. Mas esqueci que mentir para o mundo e usar qualquer máscara - seja por proteção ou falsidade - é mais fácil do que esconder as verdades de si mesmo. "Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira", já dizia Renato Russo.
Por muitas vezes achei que o carinho deveria ser explícito para ser verdadeiro e que se não praticado frequentemente o amor acabava. Me enganei quando aprendi o que era saudade: amor por aquilo que já não é mais seu. Por diversas vezes alguns dos meus deixaram de ser e me restou saudade.
Já não sei o que fazer, pois temo que se lhes enviar cartas e letras, eles as coloquem em gavetas e pastas e se esqueçam - ou mesmo não enxerguem - o significado de tudo isso. Amor. Mais puro, belo e simplório amor.
Eu já tentei esconder o coração numa folha de papel e lágrimas no travesseiro. Já tentei fingir que vivo do mais puro presente quando, na verdade, transito por todos os lugares e tempos verbais. E confesso: já tentei me enganar por diversas vezes. Mas esqueci que mentir para o mundo e usar qualquer máscara - seja por proteção ou falsidade - é mais fácil do que esconder as verdades de si mesmo. "Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira", já dizia Renato Russo.
Por muitas vezes achei que o carinho deveria ser explícito para ser verdadeiro e que se não praticado frequentemente o amor acabava. Me enganei quando aprendi o que era saudade: amor por aquilo que já não é mais seu. Por diversas vezes alguns dos meus deixaram de ser e me restou saudade.
Já não sei o que fazer, pois temo que se lhes enviar cartas e letras, eles as coloquem em gavetas e pastas e se esqueçam - ou mesmo não enxerguem - o significado de tudo isso. Amor. Mais puro, belo e simplório amor.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Janela, madrugada, luz tardia
_ Água-marinha põe estrelas no mar / Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos / E penínsulas e oceanos que não vão se... Que é isso que está batendo? - perguntou ela, interrompendo a música
_ Não sei. Acho que é meu coração
_ Será que o mundo vai acabar? - encontrava-se aflita
_ Decerto vai
_ ...
_ Não me olha assim. Você ainda vai ser minha bailarina e eu serei seu soldadinho de chumbo
_ Aquele errado que deu certo... - completou ela
_ Aham. E as coisas lindas são mais lindas / Quando você está / Hoje você está / Onde você está
E a chuva batia alarmante na janela, os relâmpagos iluminavam o cômodo e os raios faziam os móveis rangerem. Enquanto eles cantarolavam embaixo do edredom - no universo paralelo criado como refúgio em dias frios.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Pálida luz
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Lágrimas... cadê vocês?
_ Posso te confessar uma coisa?
Ela o encarou com um olhar de obviedade. Ele já a conhecia e sabia desse olhar, então seguiu em frente ainda que ela não tivesse reproduzido uma palavra.
_ Acho que não sei chorar.
Ela permaneceu fitando-o, levantou uma sobrancelha e nada disse.
_ Será que você pode expressar com palavras o que você está sentindo ou pensando?
_ Como não consegue chorar? Seu coração virou pedra de gelo que não derrete nem mesmo nesse asfalto quente?
Ele sorriu. Ela sempre conseguia misturar realidade e poesia. Nada de conseguir voar ou teletransporte, se ela fosse super-heroína, não conseguia imaginar outro poder mais incrível para ela do que esse.
_ Talvez nem o asfalto quente o derreta... De que é feito seu coração?
_ Bom... - pensou por um momento. _ Se o seu coração é feito de gelo, o meu é feito de água líquida, pronta para ser bebida.
_ Por que você está sempre pronta para amar?
_ Não. Porque eu sempre choro por tudo!
Gargalharam juntos, enquanto gaivotas voavam lá no céu, indicando que o fim da tarde chegara.
_ Como não consegues chorar?
_ Não sei... Já tentei. Mas meus olhos nunca ficam marejados e as lágrimas nunca caem. Nunca tive a sensação de chorar descontroladamente, até ficar com os olhos inchados.
_ Entendo. - olhou para o céu, seguiu com os olhos as nuvens que passavam, acompanhando o vôo das gaivotas para oeste. _ Tive uma ideia! - falou saltitante. _ Preciso me concentrar. Fica quieto!
Então ela pensou no dia em que seu pai morreu. Sua primeira experiência com a morte. Antes disso, a morte era como estrela cadente, só ouvira falar, mas nunca presenciara. Lembrou-se do homem que o pai era, das vezes em que brincaram de avião e ele a jogava para o alto - parecia que ela poderia alcançar o sol - e de quando fizeram, juntos, um bolo de aniversário para sua mãe.
Logo chorou. Seus olhos seguiram o ritual que o amigo tanto pedira para que acontecesse com ele: os mesmos ficaram marejados e depois as lágrimas desceram pela face. Ela passou o dedo na bochecha molhada e passou o líquido no mesmo local do rosto do outro. Ele sorriu ao toque.
_ Pronto. Agora você pode chorar também
_ O que isso significa? - ele perguntou, de forma simples, sem qualquer tipo de repressão
_ Significa que eu estou do seu lado pra tudo: para doar lágrimas ou para olhar o fim da tarde passar.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Agosto
"Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais"
Já que você não me quer mais"
Dezenove horas se passaram
e eu fiquei esperando meteoros
em pleno Agosto, mês de chuvas torrenciais.
Os astros e os jornais me enganaram.
Não apenas eles..
Responderei aos comentários. Juro mais que jurado! Beijos, queridos
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Por muito tempo me faltou você
_ Nunca fui esse tipo de pessoa...
_ Que tipo? - perguntou ele.
_ Dessas que viaja olhando as folhas passando correndo pela janela do carro ou imagina estrelas cadentes em balões caindo.
_ Mas você sempre foi diferente das outras. Daquelas que fazia da poeira, magia; e das cinzas, cama para deitar.
_ Nunca fiz nada disso! Nunca andei por uma plantação de girassóis ou acampei a luz do luar. Não vi o eclipse solar em um telescópio no alto de uma casa na árvore e muito menos estrelas cadentes e meteoritos caindo do céu em plena noite de lua nova.
_ E por que não o fez?
_ Porque me faltava você.
sábado, 7 de agosto de 2010
Deixa eu me lembrar de criar asas
A vida andava corrida. Já havia mudado a velocidade do carro para mais de 120 e ainda assim, aquele Chevrolet buzinava para mim e gritava: mais rápido, mais rápido! Até que desisti dos carros, dos semáforos e das faixas de pedestre. Subi em um elefante e resolvi conhecer o circo.
Que belo mundo me foi apresentado. A magia circulava juntamente com cada partícula de poeira daquelas tendas velhas. Eu não mais respirava ar, agora entrava pelas minhas narinas, pura fascinação. Era agora 90% inspiração e meros 10% de transpiração, porque sentia que não era necessário nem mais transpirar - perder suor significaria perder conteúdo.
O teatro envolvia e metamorfoseava o cenário. Tudo se transformava em plenitude; calmaria do mundo encantado que descobri ao ligar o computador. E em poucas horas viajei para o universo paralelo da mágica. Mais pura simplicidade cativante.
Agora eu era tudo em uma coisa só e poderia voar para onde quisesse, porque as palavras me deram asas. Asas eternas, pois quando deitei a cabeça no travesseiro; quando surgiu o dia, eu ainda conseguia enxergar o mundo do alto.
Tenho que responder comentários e prometo que o farei. A vida anda realmente acelerada. Mas não deixo de acompanhar o que vocês escrevem. Perdoem-me se ando sumida, é sempre culpa do vestibular.
Obrigada BK pela oportunidade de falar e expor ideias (fui entrevistada pela 7ª edição do TOP Blorkutando) e pelo primeiro lugar. Obrigada Mandy por mais um selinho e pelo carinho de sempre.
E para encerrar, quatro palavras: Teatro Mágico me inspira.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Sobre pipas, infância e crescer
O meu maior erro foi sentar no sofá da sala e perceber que meus pés já alcançavam o chão.
Certo dia, abri o armário e vi todas aquelas bonecas jogadas no canto, esquecidas, porque os meninos começaram a soar mais interessantes do que uma loira plastificada. E reparei que a árvore no quintal parecia não suportar mais o meu peso, nem meu tamanho.
Corria dos meus amigos quando brincávamos de pique e hoje, corro do tempo que quer se aproximar e me dizer que existem milhares de responsabilidades e um mundo de gente grande esperando que eu cresça.
O meu maior erro foi não ter tirado, pelo menos de seis em seis meses, meus ursinhos de pelúcia do armário, e ter dito o quanto foi bom ter crescido com eles; e que mesmo grande, mesmo dando-os para outras crianças, eles vão ser para sempre meus ursinhos de pelúcia.
O sol está se pondo, a pipa ainda está empinada no céu, voando livre, guiada pelas mãos de uma criança qualquer, e eu consigo lembrar de que há alguns anos era eu quem a controlava. Meu maior erro foi ter deixado a pipa cair.
Então me ensinaram que teríamos que crescer e que o tempo voava e não notávamos; eu pensava que isso era coisa de gente velha saudosista. Me peguei hoje, andando pela cozinha, e pensando o mesmo. E meu maior erro foi não ter fotografado cada momento da minha vida.
As fotos que ainda estão no armário me mostraram o quanto eu cresci, mas me alertaram que não mudei tanto assim, pois sei que quando vejo meu primo derrubando garrafas com uma pedrinha, volto a ser criança, fazendo disso o jogo mais divertido do mundo. E ainda que meu maior erro tenha sido crescer, sei que posso manter um pé na infância para o resto da vida.
Feliz 17 aninhos para mim!
Certo dia, abri o armário e vi todas aquelas bonecas jogadas no canto, esquecidas, porque os meninos começaram a soar mais interessantes do que uma loira plastificada. E reparei que a árvore no quintal parecia não suportar mais o meu peso, nem meu tamanho.
Corria dos meus amigos quando brincávamos de pique e hoje, corro do tempo que quer se aproximar e me dizer que existem milhares de responsabilidades e um mundo de gente grande esperando que eu cresça.
O meu maior erro foi não ter tirado, pelo menos de seis em seis meses, meus ursinhos de pelúcia do armário, e ter dito o quanto foi bom ter crescido com eles; e que mesmo grande, mesmo dando-os para outras crianças, eles vão ser para sempre meus ursinhos de pelúcia.
O sol está se pondo, a pipa ainda está empinada no céu, voando livre, guiada pelas mãos de uma criança qualquer, e eu consigo lembrar de que há alguns anos era eu quem a controlava. Meu maior erro foi ter deixado a pipa cair.
Então me ensinaram que teríamos que crescer e que o tempo voava e não notávamos; eu pensava que isso era coisa de gente velha saudosista. Me peguei hoje, andando pela cozinha, e pensando o mesmo. E meu maior erro foi não ter fotografado cada momento da minha vida.
As fotos que ainda estão no armário me mostraram o quanto eu cresci, mas me alertaram que não mudei tanto assim, pois sei que quando vejo meu primo derrubando garrafas com uma pedrinha, volto a ser criança, fazendo disso o jogo mais divertido do mundo. E ainda que meu maior erro tenha sido crescer, sei que posso manter um pé na infância para o resto da vida.
Feliz 17 aninhos para mim!
segunda-feira, 19 de julho de 2010
22-11
_ Por que fechaste a cara?
_ Porque levaste meu coração e agora não me restou nenhum
_ Podes ficar com essa flor em troca
_ Não. Gostaria do meu coração, mas agora... Agora sou só vazio. Vazio abismo que me separa do mundo e que me aproxima do nada. Temo que seja hora de ir embora.
Ela girou e seguiu caminho, lentamente, respirando e inspirando a pureza do ar.
_ E se eu te disser que tens meu coração? - gritou ele
Ela se virou para olhá-lo nos olhos
_ Não foi um roubo. Foi apenas uma troca. Um coração pelo outro.
_ E por que não me falou que estava com ele? - ela correu, nas pontas dos pés e parou à sua frente.
_ Tinha medo que não o aceitasse. Poderia jogá-lo no mar, na boca de um leão feroz ou dentro de um avião que voaria para outro país
_ E se o fizesse?
_ Acho que ele não resistiria de tanta dor. Dor pelo amor que fora renegado
_ Então me amas?
Ele abaixou a cabeça. Escapando com os olhos um tanto quanto tímido, e então respondeu:
_ Se amar é gargalhar sozinho por lembrar daquilo que me disseste anteontem e chorar por não ter me dado aquele belo sorriso ontem, e se amar é dar teu nome as estrelas e oferecer-te uma flor quando queria dar-te todo um jardim, então talvez eu ame de verdade - levantou os olhos, vencendo a timidez
_ Então devo confessar que aceito a troca. Seu coração pode ser meu, pois tenho certeza que o meu já se encaixara junto a seu peito.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
A falta que você me faz
Quando houve a necessidade do amor? Foi naquela tarde em que o farol mostrou a dor, ou será naquela manhã quando confirmamos ser um corpo só? O meu faro sente a necessidade do seu perfume, do seu deslumbre. E por quanto tempo mais terei de esperar? Terei de ver o sol se encontrar com a lua, a flor florescer e perceber que não há mais lágrimas em meu travesseiro? Espero seu mundo girar na mesma órbita que o meu para dividirmos passos pelas esquinas e segredos pelos esconderijos da alma.
Eu nunca pensei estar só. Nunca pensei viver mal em nosso quintal que sempre foi repleto de transparências. Hoje, te procuro em meu escuro pessoal e só sinto perto de mim um temporal de sentimentos vazios. Sem o seu abrigo. Procurei suas letras entre meus papéis e suas melodias em algum lugar do meu computador, mas acho que ambas sumiram. Foram levadas por você quando bateu a porta da sala e disse que não voltaria mais. Não por falta de amor, apenas porque não era mais hora de se estar junto.
De tanto plantarmos, a flor brotou, mas como nosso amor, ela se criou na distância. Chorou ao partir. Tentei alcançar seus sentimentos e já estavas à mil. Seria impossível tentar entender as certezas e durezas criadas pelo universo em branco que avisto sentado em nosso velho banco. Tento dar mais atenção a cada pulsar do meu coração. Aproximo meus ouvidos para verificar se ele ainda bate. Verifico se ainda existem borboletas em meu estômago quando te vejo. Olhando em volta, uma simples frase fala por mim: Você faz falta. Torço para que batas em nossa porta.
Eu nunca pensei estar só. Nunca pensei viver mal em nosso quintal que sempre foi repleto de transparências. Hoje, te procuro em meu escuro pessoal e só sinto perto de mim um temporal de sentimentos vazios. Sem o seu abrigo. Procurei suas letras entre meus papéis e suas melodias em algum lugar do meu computador, mas acho que ambas sumiram. Foram levadas por você quando bateu a porta da sala e disse que não voltaria mais. Não por falta de amor, apenas porque não era mais hora de se estar junto.
De tanto plantarmos, a flor brotou, mas como nosso amor, ela se criou na distância. Chorou ao partir. Tentei alcançar seus sentimentos e já estavas à mil. Seria impossível tentar entender as certezas e durezas criadas pelo universo em branco que avisto sentado em nosso velho banco. Tento dar mais atenção a cada pulsar do meu coração. Aproximo meus ouvidos para verificar se ele ainda bate. Verifico se ainda existem borboletas em meu estômago quando te vejo. Olhando em volta, uma simples frase fala por mim: Você faz falta. Torço para que batas em nossa porta.
(Por Luiza e Carlo)
Obrigada, Carlo, pela iniciativa de me convidar para que juntos, pudéssemos escrever sentimentos e sentir palavras. Sinto falta de seus comentários e de suas postagens. Com carinho, Luiza
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quinta-feira, 8 de julho de 2010
Vai que acontece...
"É difícil viver as verdades do mundo
quando o seu coração não se sente à vontade"
Eu sei que quando atravessar a rua você não estará dentro daquele carro berrando por meu nome, enquanto eu procuro por palavras em prédios altos. Sei que o telefone está tocando, mas não é você me acordando para irmos a praia ver a vida passar. Você não me chamará pra dar uma volta no calçadão, fim de tarde no Rio de Janeiro, a pedra do Arpoador esperando pelas nossas conversas e risadas bobas. Já entendi que quando eu saltar o degrau, você não estará lá para me segurar no colo e me girar, sem medo de parecer tolo. E nas tarde frias não seremos nós dois debaixo do edredom, duas xícaras de chocolate quente e um filme qualquer passando na TV. Eu sei que o barulho que adentrou o meu apartamento não foi você do outro lado da porta com um buquê de minhas flores preferidas e meia dúzia de palavras românticas. Eu sei das verdades que o mundo faz questão de jogar na minha cara, dando-me um tapa toda vez que ouso tirar meus pés um pouco do chão para sonhar, mas vai, vai que acontece...
domingo, 4 de julho de 2010
Chaves
Minhas palavras se encaixam perfeitamente com a tristeza. Feito a chave - que você deixou debaixo do tapete para que quando eu chegasse, conseguisse abrir a porta sem fazer estardalhaço - e a fechadura da sua casa. Não me agrada perceber que elas só mancham o papel quando as coisas fogem do meu controle, mas você vive escapando pelos meus dedos. Fugitivo e fugaz.
Volta? Não me peça para voltar, pois certamente aceitaria. Apenas não é certo que seja eu, pois foi você quem optou por abandonar nossos sonhos em algum canto da pracinha junto à flor que te dei. Não tenho para onde voltar se continuo no mesmo lugar, ainda esperando você dizer que a porta nunca esteve fechada.
Não quero ir embora antes de você. Ter de virar as costas e não poder olhar para trás para saber sua reação. Prefiro te ver seguir. Ser eu aquela quem vai dizer 'adeus', pois já me acostumei.
Ainda assim, se puder, se ainda quiser, deixa a chave debaixo do tapete enquanto eu espero na portaria.
Volta? Não me peça para voltar, pois certamente aceitaria. Apenas não é certo que seja eu, pois foi você quem optou por abandonar nossos sonhos em algum canto da pracinha junto à flor que te dei. Não tenho para onde voltar se continuo no mesmo lugar, ainda esperando você dizer que a porta nunca esteve fechada.
Não quero ir embora antes de você. Ter de virar as costas e não poder olhar para trás para saber sua reação. Prefiro te ver seguir. Ser eu aquela quem vai dizer 'adeus', pois já me acostumei.
Ainda assim, se puder, se ainda quiser, deixa a chave debaixo do tapete enquanto eu espero na portaria.
domingo, 27 de junho de 2010
19 de fevereiro
Faltam nove dias para o fim do mês. As folhas de calendário voam pela minha janela, quando o que eu mais queria que voasse era eu mesma. Voasse pra perto de você.
Vejo os aviões planando sob a minha cabeça e sei que não posso estar dentro de nenhum deles. Queria que de alguma forma eu fosse pegando carona pelas estradas, conhecendo gente e lugares até chegar à você.
A alegria me contagia e eu me sinto Colombina que procura pelo Pierrot, quando na verdade, aproveito essa época do ano para usar ainda mais as máscaras, esconder felicidade por entre confetes e serpentinas, pois procuro por você em cada toque que recebo.
Vai raio de sol, bate forte no chão e deixa passar esse fevereiro sem fim. Um ano se passou. Um ano a mais no relógio daquele velho celular e um ano a menos para nós dois. Não consigo acreditar que você não veio e que, mais uma vez, fiquei no meio fio, sentada, a te esperar.
Vem vento, passa por aqui e leva o que já não quero mais que fique. Leva toda essa frieza para o outro lado do oceano, onde ele se encontra agora. Leva o que sinto, mas deixa as lembranças - pelo menos parte delas, como aquele sorriso bobo ou aquele tropeço que me vez rir por longos minutos - para que eu possa guardar algo dele comigo.
Nove dias para o fim do mês. Por onde você anda? Aonde você vai posar dessa vez se não é bem perto do meu coração? Cai confete e serpentina. Cai e voa pra longe de mim...
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domingo, 20 de junho de 2010
Mar de amores
Cansado da escuridão em que se encontrava.
Então pulou e caiu no mar. Mar colorido que encantava.
Deixaria de ser Quarta-feira de Cinzas para ser Carnaval novamente.
Um dia, um peixe o engoliu. Acho que ele queria amar...
E o coração ajustou-se facilmente ao mundo multicolor do peixinho.
O coração batia tão acelerado, agitado, milhares de coisas para se gostar.
E sem querer, sem precisar, se apaixonou por uma estrela do mar.
Peixe e estrela do mar, quem iria imaginar?
Só daria certo se eles soubessem quão imperfeito é amar.
Então pulou e caiu no mar. Mar colorido que encantava.
Deixaria de ser Quarta-feira de Cinzas para ser Carnaval novamente.
Um dia, um peixe o engoliu. Acho que ele queria amar...
E o coração ajustou-se facilmente ao mundo multicolor do peixinho.
O coração batia tão acelerado, agitado, milhares de coisas para se gostar.
E sem querer, sem precisar, se apaixonou por uma estrela do mar.
Peixe e estrela do mar, quem iria imaginar?
Só daria certo se eles soubessem quão imperfeito é amar.
terça-feira, 8 de junho de 2010
Gaivotas
Você voava tão alto e sem controle que a qualquer momento poderia cair. Sou chão incerto. Terra no encontro de placas tectônicas. Sou instável e indecisa, por isso não sirvo de porto seguro pra ninguém.
Assim como você, já fui balão. Voei, voei e voei tão alto, flutuei na máxima plenitude e quando a bolha estourou, quando a chama do balão cessou, desabei. Queda livre na velocidade da luz, sem tempo para pensar, voltar atrás ou me arrepender.
Talvez seja por isso, pela rapidez que tudo aconteceu, que não me arrependo do passado.Quando a vida passa de lampejo não dá tempo nem ao menos de suspirar e parar para reclamar. Quando ela lhe oferece momentos sutis de felicidade, soa como ingratidão lamentar.
Sigo sendo dúvida. Às vezes sou chama. Fogo que queima e aquece. Grito para ser aquecida. Envolvo e paraliso. Sorrio para amenizar o frio dessa cidade. E como fogo na pólvora, explodo.
Em contrapartida, pareço gelo também. Fria, medrosa e retraída. Ainda assim, queimo de outra forma. Por causa desse medo, nessa horas é que mais querem me aquecer; agora que quero estar congelada na mais profunda frieza de mim mesma. Que contradição!
Acho que procuro algo tão incerto quanto eu. Que saiba ser fogo quando sou gelo para que queimemos juntos. Que seja porto seguro enquanto eu sou balanço do barco que chega para encalhar. Seja mais pura e simples Matemática exata quando eu for desafiadora e complexa Física Quântica. Seja céu estrelado explodindo em cores enquanto eu sou aquele velho filme preto-e-branco. Desejo quem responda a cada ínfimo ponto de interrogação que existe na minha cabeça e admire cada ponto de exclamação que há em meu coração.
Mas você... Ah, você... Decidiu ser balão quando eu ainda era gaivota a fim de voar livre e duvidosa pelo mar.
Assim como você, já fui balão. Voei, voei e voei tão alto, flutuei na máxima plenitude e quando a bolha estourou, quando a chama do balão cessou, desabei. Queda livre na velocidade da luz, sem tempo para pensar, voltar atrás ou me arrepender.
Talvez seja por isso, pela rapidez que tudo aconteceu, que não me arrependo do passado.Quando a vida passa de lampejo não dá tempo nem ao menos de suspirar e parar para reclamar. Quando ela lhe oferece momentos sutis de felicidade, soa como ingratidão lamentar.
Sigo sendo dúvida. Às vezes sou chama. Fogo que queima e aquece. Grito para ser aquecida. Envolvo e paraliso. Sorrio para amenizar o frio dessa cidade. E como fogo na pólvora, explodo.
Em contrapartida, pareço gelo também. Fria, medrosa e retraída. Ainda assim, queimo de outra forma. Por causa desse medo, nessa horas é que mais querem me aquecer; agora que quero estar congelada na mais profunda frieza de mim mesma. Que contradição!
Acho que procuro algo tão incerto quanto eu. Que saiba ser fogo quando sou gelo para que queimemos juntos. Que seja porto seguro enquanto eu sou balanço do barco que chega para encalhar. Seja mais pura e simples Matemática exata quando eu for desafiadora e complexa Física Quântica. Seja céu estrelado explodindo em cores enquanto eu sou aquele velho filme preto-e-branco. Desejo quem responda a cada ínfimo ponto de interrogação que existe na minha cabeça e admire cada ponto de exclamação que há em meu coração.
Mas você... Ah, você... Decidiu ser balão quando eu ainda era gaivota a fim de voar livre e duvidosa pelo mar.
domingo, 30 de maio de 2010
Deixa a cair, deixa secar. Me deixa te beijar
Aquele sol batendo no para-peito da janela foi esconder-se por trás de nuvens e junto dele foi-se a felicidade. Incrível como dias de chuva sempre tocam no mais íntimo lugar do meu coração. Bate aquela solidão, aquela vontade de se estar junto sem poder e de ser aquecida por braços que um dia se propuseram a me abraçar. A chuva cai, o sol se esconde e eu fiquei só, esperando pelo telefone que nunca tocou e pela carta que não chegou - e jamais foi enviada.
Mas por que fechar a janela quando a chuva começa a cair forte e gelada? Deixo molhar tudo, deixo chover. Lavo a alma e deixo a chuva levar os pensamentos que não prestam. Deixo-a trazer sonhos bons. E depois, a água que ficou, o sol seca.
Ainda espero que você me beije debaixo de chuva. Cena de filme que eu sempre desejei. Eu e minha fixação por chuva. Eu e minha fixação por você. Você e a chuva... como combinam!
Estou ausente, eu sei. Mil perdões. Ano de vestibular, tudo tão corrido e difícil. A UERJ está aí, batendo a minha porta. Duas semanas e meu futuro começa a ser decidido Desculpas sinceras.
domingo, 23 de maio de 2010
Aonde foi parar o chão e o céu?
Nada de novo
Tudo de novo
Só sei que com você,
meu mundo
ainda fica de cabeça pra baixo
Ainda voo por aí
para te encontrar
em algum lugar
domingo, 16 de maio de 2010
E eu vi você
A geometria do asfalto me guiava e eu seguia fazendo curvas que me levavam para o mesmo lugar que as retas levariam. Olhava o céu, procurando motivo para ele estar cinza. Choveria a qualquer momento, conseguia reparar. Eu não tropeçava mais em raízes, pisava em caules que eram mais macios e delicados. Estava aprendendo a ser cautelosa com a vida. Então, entre flores, canteiros, pés, cabeças e olhos, milhares de olhares, eu esbarrava em dúvidas e incompreensão. Aí eu vi você.
"How did you move me? Why am I on my feet again? And I see you, whoa. I feel you, whoa"
(Como você me moveu? Por que eu estou sob meus pés novamente? E eu vejo você. Eu sinto você)
____________________
Tirei primeiro lugar no Blorkutando (tema: A casa do Lago) com a minha carta para Renato Russo. Estou felicíssima. Não tenho palavras. Obrigada a todos que leem o blog. Sinto-me leve agora
quinta-feira, 13 de maio de 2010
"Vai com os anjos, vai em paz"
Olá Renato,
Ainda não me conhece. Talvez isso nunca aconteça - apesar de que torço bastante. Sou sua fã e sonho em casar contigo. Sôo tola, eu sei. Mas se gosta de "meninos e meninas", por que não gostar de mim?
Queria pedir para tomar cuidado, Renato. Uma nova doença surge nos anos 80. AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Ela vem se espalhando pelo mundo e agora pelo Brasil. Imagino que seja por causa dessa moda: Sexo, Drogas & Rock'n'roll que nosso país vive.
Essa enfermidade vem por meio do uso de drogas injetáveis e seringas usadas por pessoas soropositivas - aquelas que possuem a doença - e através de relações sexuais sem camisinha. Ela não mata, por mais estranho que pareça. A AIDS deixa sua imunidade baixa, tornando-o capaz de morrer até mesmo por uma gripe forte e mal-curada. Estimo-lhe dizer que sim, milhares de pessoas vêm morrendo. E ainda não há cura. Quando digo ainda, falo de meu tempo também, pois estamos em 2010 e até agora o que temos são pesquisas em desenvolvimento e um coquetel que controla a reprodução do vírus.
Cazuza morrerá pelo mesmo fato. Ele ficará magro, fraco e careca. E o mesmo acontecerá com você, querido Renato. Porém você vai preferir esconder isso do público e da imprensa. Resguardar-se-á em seu quarto e lamentará sozinho pelo rumo que a vida de um grande dissipador dos ideais jovens levará. Lamento por você. Lamento muito.
Não imagina a admiração que sinto! Você é meu ídolo por tantas frases geniais que me permitiu refletir sobre o país em que vivo - "Que país é esse?" - com injustiça, corrupção e hipocrisia - "Ele queria era falar pro presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer"; e pelo modo com que descreve sentimentos sentidos apenas por nós dois (eu e você) - "E é só você que tem a cura pro meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".
É, Renato, "mudaram as estações, mas nada mudou". E apesar do "mundo andar tão complicado", você possui milhares de fãs. E nós, admiradores da voz da juventude, não só de Brasília, mas de todo o Brasil, sentimos sua falta. Não sei se podemos mudar o destino, muito menos sei se é certo. Mas quero que saiba que "és parte ainda do me faz forte, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz" e que ainda te tenho como ídolo e sempre terei. Escolha o caminho que lhe parecer menos torturante. Tenho certeza que não soará como burro, sempre será nosso herói.
Ainda não me conhece. Talvez isso nunca aconteça - apesar de que torço bastante. Sou sua fã e sonho em casar contigo. Sôo tola, eu sei. Mas se gosta de "meninos e meninas", por que não gostar de mim?
Queria pedir para tomar cuidado, Renato. Uma nova doença surge nos anos 80. AIDS - Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Ela vem se espalhando pelo mundo e agora pelo Brasil. Imagino que seja por causa dessa moda: Sexo, Drogas & Rock'n'roll que nosso país vive.
Essa enfermidade vem por meio do uso de drogas injetáveis e seringas usadas por pessoas soropositivas - aquelas que possuem a doença - e através de relações sexuais sem camisinha. Ela não mata, por mais estranho que pareça. A AIDS deixa sua imunidade baixa, tornando-o capaz de morrer até mesmo por uma gripe forte e mal-curada. Estimo-lhe dizer que sim, milhares de pessoas vêm morrendo. E ainda não há cura. Quando digo ainda, falo de meu tempo também, pois estamos em 2010 e até agora o que temos são pesquisas em desenvolvimento e um coquetel que controla a reprodução do vírus.
Cazuza morrerá pelo mesmo fato. Ele ficará magro, fraco e careca. E o mesmo acontecerá com você, querido Renato. Porém você vai preferir esconder isso do público e da imprensa. Resguardar-se-á em seu quarto e lamentará sozinho pelo rumo que a vida de um grande dissipador dos ideais jovens levará. Lamento por você. Lamento muito.
Não imagina a admiração que sinto! Você é meu ídolo por tantas frases geniais que me permitiu refletir sobre o país em que vivo - "Que país é esse?" - com injustiça, corrupção e hipocrisia - "Ele queria era falar pro presidente pra ajudar toda essa gente que só faz sofrer"; e pelo modo com que descreve sentimentos sentidos apenas por nós dois (eu e você) - "E é só você que tem a cura pro meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".
É, Renato, "mudaram as estações, mas nada mudou". E apesar do "mundo andar tão complicado", você possui milhares de fãs. E nós, admiradores da voz da juventude, não só de Brasília, mas de todo o Brasil, sentimos sua falta. Não sei se podemos mudar o destino, muito menos sei se é certo. Mas quero que saiba que "és parte ainda do me faz forte, pra ser honesto, só um pouquinho infeliz" e que ainda te tenho como ídolo e sempre terei. Escolha o caminho que lhe parecer menos torturante. Tenho certeza que não soará como burro, sempre será nosso herói.
Com carinho,
Luiza
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Poesia de um outro poeta
domingo, 9 de maio de 2010
Sobre nós dois e o resto do mundo
Não notas que não é sobre você que escrevo?
Não percebes que de nós dois não resta nada e que outro preenche essas linhas?
Temo ser cruel e despedaçar seu coração, mas temo também faltar-me crueldade para que entenda esse nosso fim.
Não me culpe se não te amo, pois já me culpo por amar a outro.
Apenas deixe-me viver como acho que devo.
Deixe-me olhar o mundo sob a minha perspectiva.
Não me julgues nem me apontes.
Siga o seu caminho que seguirei o meu
sábado, 8 de maio de 2010
Gosto muito de te ver, leãozinho
_ Meu Deus, como você está linda!
Mãe, eu te amo. Obrigada por fazer-me ser fruto e hoje, poder dar-lhe flores em retribuição.
_ Grávida reluz, né?
Enquanto as pessoas paravam minha mãe na rua, no mercado, no restaurante e até no banheiro feminino, fazendo elogios sempre relacionados àquele barrigão, ela pensava: "Linda? Reluzente? Estou me sentindo um botijão de tão redonda. A barriga pesa, meus pés estão inchados e pareço uma vaca leiteira"
Às vezes entrava no meu futuro quarto - todo lilás, cheio de estrelinhas pela parede e pelo teto -, sentava na poltrona onde me ninaria e ficava alisando a barriga, pensando nas noites que não dormiria por causa do meu choro incessante e - futuramente - porque ficaria me esperando chegar em casa.
Por vezes chorou sozinha, escondida, sentindo-se tola, se perguntando se seria uma boa mãe, se saberia me educar, se não erraria em algum momento essencial para a formação do meu caráter... Tinha medo de viver dos excessos, pois sabia que era mais sensato viver em equilíbrio. Ainda assim, sabia também que ser mãe era estar exposta à esses tão temidos exageros.
Reclamava do meu pai, do modo como ele não sabia arrumar a casa e fazer a comida; choramingava para que ele fosse buscar alguma comida que necessitava comer naquele momento para que eu não nascesse com cara de jaca ou de cupuaçu e tantas vezes mais quis beijar e abraçar forte aquele homem que sustentava a barra nos momentos de surto e de dúvida.
Tantos pensamentos se passaram na cabeça dessa rainha. Tantas perguntas sem respostas, tantas fantasias e desejos. Sei que sou grão dessa grande e forte árvore. Um dia, serei fruto e espero poder dar-lhe uma flor, apenas uma flor, para retribuir todas as vezes que ela me nutriu com todas as formas de amor.
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Codinome beija-flor
Feito beija-flor
Bate as asas acelerado
Busca um mundo desconhecido
Vive o inesperado
Voa para além das fronteiras
Viaja nas nossas bobeiras
Descobre novas flores
Vive nossos amores
Explorador do próprio universo
Pulando de flor em flor
Suga o melhor de cada uma
Vive fugindo da dor
Beija-flor que há muito me enganou
Soava inocente
E na minha vida
Uma confusão ele criou
E quando pensei que foste ficar,
Voaste para tão longe de mim...
domingo, 25 de abril de 2010
Pra não dizer que não falei da luta
_ Não importa o que eles façam! A USP está tomada pelos estudantes e não vamos sair até que o atual presidente saia do poder
_ O Costa e Silva não vai deixar a cadeira dele. Acho melhor vocês evacuarem o prédio - era a sugestão da policia naquele momento
_ Não. Sem negociações. Quando houver uma democracia, ligue para cá - desligou
Era 20 de dezembro de 1968, há uma semana o Ato Institucional 5 fora implantado pelo atual presidente, o general Arthur Costa e Silva, e entre algumas medidas, a repreensão militar aumentou arduamente.
A Universidade de São Paulo fora invadida por estudantes que protestavam e pediam pela redemocratização do país. Acredita-se que cerca de 150 jovens estavam no local para serem notados e quem sabe, ouvidos. Tinham ideais e estavam ali para buscá-los.
Dali a cinco dias seria Natal, a família desses jovens pedia, aos prantos, para que saíssem do prédio de forma pacífica, sem tiros e sem resistência, mas para eles, não importaria se a polícia fosse usar da força ou não; não cojitavam, em hipótese alguma, abandonar a faculdade. Resistiriam até o fim, e no fundo, sabiam que os pais são seriam atendidos, porque se eles não cederiam, a polícia muito menos. Sabiam que haveria tiro, sangue e luta. E era exatamente o que queria. Quando maior o espetáculo, mais o circo é visto. Era tempo de Paz e Amor no mundo, mas ali eram um verdadeiro campo minado.
Dia 24 de dezembro, véspera de Natal, a polícia já ameaçara por diversas vezes. Telefonemas chegavam a todo momento pedindo que os estudantes se rendencem. Chegavam notícias de todo o país. Diversas outras universidades federais haviam sido invadidas. Agora o movimento ia do litoral até o interior, de Norte a Sul do Brasil.
A "galerinha" da USP estava empolgada com a repercussão do movimento, mas sabiam que quanto mais a notícia se espalhava, mais ameaçado o governo se sentiria. Começavam a pensar que talvez fosse a hora em que os atos tomariam o lugar das ameaças.
_ Vocês não acham que logo a polícia invade o prédio? - uma ténua nuvem de aflição ocupava lugar na sala de aula ocupada por seis jovens
_ Talvez. A gente vem esperando invasão há quatro dias. Pode ser hoje, pode ser depois - filosofava o moreno de Geografia
_ Será que o mundo sabe do nosso protesto? - sonhava a loirinha de Direito
_ O Brasil precisa saber. Não dá para ficar enviando intelectuais, músicos e escritores pra fora do país. Não dá pra ficar censurando cada música que saiu no Festival Internacional da Canção porque elas contam a verdade sobre esse país podre onde vivemos!
E entre "Uhuuul", "É isso aí!" e palmas, o cara de Medicina pegou o violão e começou a dedilhar a marca de uma época de censura, quando o governo mandava no que era falado, cantado e publicado.
"Caminhando e cantando e seguindo a canção/Somos todos iguais braços dados ou não/Nas escolas nas ruas, campos, construções/Caminhando e cantando e seguindo a canção/Vem, vamos embora, que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
Dia 26 de dezembro a USP fora invadida pelos militares.
Tiros, cacetetes, cavalos pisando em gente sem saber o que isso representa, fazendo mais papel do amigo medroso do que do vilão artroz.
Passos sem rumo, suor que molhava o chão junto com as lágrimas.
Fogo que vem de dentro, fogo que queima a biblioteca. Vontade de gritar, mas a palavra entala quando chega na garganta. Gritos de raiva, de dor, de crueldade. Vermelho-sangue: essa era a cor da luta.
E esse mesmo vermelho, vermelho-sangue, era a cor da paixão, cor do líquido que corre pelas veias e chega ao coração. Coração que não bateria mais.
Músicas não seriam mais ouvidas.
_ O Costa e Silva não vai deixar a cadeira dele. Acho melhor vocês evacuarem o prédio - era a sugestão da policia naquele momento
_ Não. Sem negociações. Quando houver uma democracia, ligue para cá - desligou
Era 20 de dezembro de 1968, há uma semana o Ato Institucional 5 fora implantado pelo atual presidente, o general Arthur Costa e Silva, e entre algumas medidas, a repreensão militar aumentou arduamente.
A Universidade de São Paulo fora invadida por estudantes que protestavam e pediam pela redemocratização do país. Acredita-se que cerca de 150 jovens estavam no local para serem notados e quem sabe, ouvidos. Tinham ideais e estavam ali para buscá-los.
Dali a cinco dias seria Natal, a família desses jovens pedia, aos prantos, para que saíssem do prédio de forma pacífica, sem tiros e sem resistência, mas para eles, não importaria se a polícia fosse usar da força ou não; não cojitavam, em hipótese alguma, abandonar a faculdade. Resistiriam até o fim, e no fundo, sabiam que os pais são seriam atendidos, porque se eles não cederiam, a polícia muito menos. Sabiam que haveria tiro, sangue e luta. E era exatamente o que queria. Quando maior o espetáculo, mais o circo é visto. Era tempo de Paz e Amor no mundo, mas ali eram um verdadeiro campo minado.
Dia 24 de dezembro, véspera de Natal, a polícia já ameaçara por diversas vezes. Telefonemas chegavam a todo momento pedindo que os estudantes se rendencem. Chegavam notícias de todo o país. Diversas outras universidades federais haviam sido invadidas. Agora o movimento ia do litoral até o interior, de Norte a Sul do Brasil.
A "galerinha" da USP estava empolgada com a repercussão do movimento, mas sabiam que quanto mais a notícia se espalhava, mais ameaçado o governo se sentiria. Começavam a pensar que talvez fosse a hora em que os atos tomariam o lugar das ameaças.
_ Vocês não acham que logo a polícia invade o prédio? - uma ténua nuvem de aflição ocupava lugar na sala de aula ocupada por seis jovens
_ Talvez. A gente vem esperando invasão há quatro dias. Pode ser hoje, pode ser depois - filosofava o moreno de Geografia
_ Será que o mundo sabe do nosso protesto? - sonhava a loirinha de Direito
_ O Brasil precisa saber. Não dá para ficar enviando intelectuais, músicos e escritores pra fora do país. Não dá pra ficar censurando cada música que saiu no Festival Internacional da Canção porque elas contam a verdade sobre esse país podre onde vivemos!
E entre "Uhuuul", "É isso aí!" e palmas, o cara de Medicina pegou o violão e começou a dedilhar a marca de uma época de censura, quando o governo mandava no que era falado, cantado e publicado.
"Caminhando e cantando e seguindo a canção/Somos todos iguais braços dados ou não/Nas escolas nas ruas, campos, construções/Caminhando e cantando e seguindo a canção/Vem, vamos embora, que esperar não é saber/Quem sabe faz a hora, não espera acontecer"
Dia 26 de dezembro a USP fora invadida pelos militares.
Tiros, cacetetes, cavalos pisando em gente sem saber o que isso representa, fazendo mais papel do amigo medroso do que do vilão artroz.
Passos sem rumo, suor que molhava o chão junto com as lágrimas.
Fogo que vem de dentro, fogo que queima a biblioteca. Vontade de gritar, mas a palavra entala quando chega na garganta. Gritos de raiva, de dor, de crueldade. Vermelho-sangue: essa era a cor da luta.
E esse mesmo vermelho, vermelho-sangue, era a cor da paixão, cor do líquido que corre pelas veias e chega ao coração. Coração que não bateria mais.
Músicas não seriam mais ouvidas.
sábado, 24 de abril de 2010
O velho vento de sempre
_ Pode dar meia volta? - já estava quase chegando e ao invés de sorrir, começou a bater uma tristeza. Planejara a viagem por dias e agora, pedia para voltar.
_ Voltar pro Rio, senhora? - perguntou o motorista
_ Não. Nem pro Rio, nem seguir em frente. Só dá meia volta e fica pela estrada mesmo. Conhecendo novos atalhos e caminhos para se chegar a lugar nenhum.
Queria deixar o vento tocar no rosto para sentir-se livre e comandante do próprio destino. Seria a dona da história. Escreveria à caneta - "as frases de caneta você não pode apagar" - todo um livro da vida que buscava constantemente. Jogaria dentro da velha mochila meia dúzia de roupas, umas maquiagens e alguma coisa para se distrair como um livro, um álbum de figurinha ou música. Fecharia a porta por diversas vezes mais e diria: "Só volto na sexta. Não me esperem para jantar."
O que encontraria não saberia dizer, até mesmo porque não procurava por nada. Ou talvez procurasse. Nós vivemos sempre a procura de amor, paz, felicidade e qualquer coisa que soe como desejos de aniversário ou Natal. Então era fato que, mesmo indiretamente, ela procurava pelo mesmo. Mas desistira de buscar pelo príncipe encantado, por respostas e por sinais de fogo.
Queria ver o verde correr pela janela e intercalar velocidades - andar devagar para observar a paisagem de um jeito que de olhos fechados ela conseguisse relembrar cada detalhe, e acelerar tanto ao ponto de não reconhecer o que passa ao seu lado.
Só queria não ter obrigação de nada, nem se pressionar para que corresse atrás dos sonhos que ela criava, sozinha, na rede. Fecharia os olhos e ouviria o som das águas do rio, passando ao fundo, levando o que tivesse que ser levado e o que não devesse também - talvez -, porque sentia que quando toda essa vontade de não viver de extremos passasse, seria capaz de construir tudo de novo: casa, represa e empresa.
O título é por causa dessa minha mania de falar sempre do vento.
Não sabia dessa minha obsessão por ele. Acho que ando esperando
que minha vida pegue carona com o vento
e chegue logo até mim. Vai entender...
domingo, 18 de abril de 2010
Por não estaremos distraídos
"Foram então aprender que, não estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos"
( Para não esquecer, Clarice Lispector)
O telefone não tocava, a campainha não soava...
A que horas chegarão as flores que você mandou me entregar?
A que horas você surgirá embaixo da minha janela,
com um violão nas mãos, cantando a nossa música?
Por quanto tempo mais sentirei meu coração acelerar
percebendo que o celular me chama?
E por quantas vezes mais me decepcionarei por descobrir que não era você?
Sempre que fecho a porta deixo meu coração e minha cabeça dentro do cômodo
Esperando que o mundo mude, que a vida aconteça
Que quando eu feche os olhos você surja ao meu lado
E me diga tudo aquilo pelo qual eu sempre esperei
E que eu possa te sentir nos mais leves pensamentos
Mas eu tenho que me desligar
Ser tão despreocupada a ponto de tropeçar em evidências
Fingir que não vejo essa mágica que nos cerca
Quem sabe assim ela não nos envolva feito corda
E aperte tanto que eu consiga sentir seus lábios tocarem os meus?
Fecharei meus olhos e deitada, ouvirei uma música qualquer
Uma música que não me lembre nada
E assim ficarei até que você reapareça
Pra dizer que está tudo bem, que tudo não passou de uma loucura
E que seguiremos vivendo de amor e música
domingo, 11 de abril de 2010
Tempestades em alto mar
Cai uma chuva que imagino ser capaz de derrubar morros, arrastar casas e fazer correnteza, mas não dá pra saber. Estou no mar. Pelo menos é assim que me considero. Eu e vocês; fazendo parte desse navio que antes nos levava para a eternidade e hoje, para lugar nenhum.
Sinto-me como o capitão, aquele que sabe que tem uma missão e está entusiasmado com a mesma. Seria capaz de vender os olhos e os ossos para conseguir que tudo tenha o fim esperado e que o navio aporte no lugar certo, no tempo exato.
Enquanto sinto vocês como os trabalhadores do navio. Cansados dessa vida em alto-mar. Sempre a mesma água transparente. Sempre céu cinza ou azul. As mesmas caras; todos os dias, o mesmo sol. Que monotonia! Vocês estão enjoados e refletem, no olhar, o quanto pensam que é melhor esse navio afundar logo. Tudo acabaria de uma vez. Vocês não se importariam.
A verdade é que barco não navega só com o capitão. Se os marujos não ajudam, "Olá, fundo do mar. Chegamos, enfim". Se vocês não ajudam, bom, não vamos chegar nem ao porto seguinte. Todos esperarão pela volta que nunca ocorrerá, porque até mesmo a ida ficará pela metade.
Só queria dizer que estou exausta de pilotar sozinha. Levanto a bandeira banca, peço paz, mas me rendo também. Estou fora e pulo na água se for necessário. Iremos afundar e lá embaixo, ficar para sempre ou até que subamos para a superfície em busca de ar. Cada um por si. Boa sorte para vocês, pois sei que vou precisar.
terça-feira, 6 de abril de 2010
Look at the stars, look how they shine for you and everything you do
_ O que houve, querida? - perguntou preocupado. Ela estava com um bico imenso para uma menina de 16 anos
_ Levaram minha estrela
_ Para onde?
_ Não sei. Acho que pro céu - estava desolada
_ Quem levou? - as coisas não faziam sentindo pra ele ainda
_ Não sei, querido. Eu estava deitada na grama, olhando a lua, até que cai no sono. Quando acordei, ela não estava mais ali.
_ Temos que procurá-la. Ela pode estar embaixo da árvore, atrás da moita...
_ Não! Ela está no céu. Sinto isso
_ Então, será que não é bom ela estar lá? Ela pode brilhar acompanhada das outras e da lua.
_ Mas e eu? Fico sem o brilho dela? Sem poder observá-la e fazer meus pedidos antes de dormir? Fico sem nada para me consolar quando chorar no travesseiro?
_ Nada está te impedindo de continuar fazendo isso. Ela continua te olhando e brilhando, brilhando, brilhando, brilhando...
_ Levaram minha estrela
_ Para onde?
_ Não sei. Acho que pro céu - estava desolada
_ Quem levou? - as coisas não faziam sentindo pra ele ainda
_ Não sei, querido. Eu estava deitada na grama, olhando a lua, até que cai no sono. Quando acordei, ela não estava mais ali.
_ Temos que procurá-la. Ela pode estar embaixo da árvore, atrás da moita...
_ Não! Ela está no céu. Sinto isso
_ Então, será que não é bom ela estar lá? Ela pode brilhar acompanhada das outras e da lua.
_ Mas e eu? Fico sem o brilho dela? Sem poder observá-la e fazer meus pedidos antes de dormir? Fico sem nada para me consolar quando chorar no travesseiro?
_ Nada está te impedindo de continuar fazendo isso. Ela continua te olhando e brilhando, brilhando, brilhando, brilhando...
domingo, 21 de março de 2010
Sobre medos, parquinhos e olhares
Sempre fui medrosa. Nunca pulava a cerca do parquinho ou ficava de cabeça pra baixo nos brinquedos. Balançava-me sem me arriscar muito, sem ir muito alto. Subia nas árvores porque não resistia, mas sempre achava que ia escorregar e bater a cabeça, ou que um pássaro ia passar voando, morrendo de raiva porque eu estava próxima demais do ninho aonde guardava seus ovos.
Cresci e vi meus amigos escorregando pelo toboágua. Sorriso estampado de orelha a orelha. Subia todas aquelas escadas com todas as borboletas dentro do estômago e quando chegava lá em cima, via a Terra toda ali, aos meus pés, virava para a amiga que seria a próxima a se aventurar e dizia baixinho, com medo de dizerem uma verdade sobre meus temores: Acho que vou desistir. Mas não tinha jeito, escorregava, mais recuando do que descendo, atrasando o tempo, arranhando os medos para que eles sumissem.
Nunca fui inconsequente. A frase 'Então, se joga' quase nunca fez real sentido pra mim, afinal, raramente me jogava sem ter a certeza de que isso não desencadearia em uma cabeça aberta, um braço quebrado ou um coração partido. Sempre pensei antes de falar, antes de agir, antes mesmo de pensar - sempre controlei meus pensamentos.
Mas hoje, considero-me a pior das covardes, pois fujo com o olhar. Falo enquanto olho para as nuvens e observo a lua. Vejo, espero e, na hora, miro o tênis - Nossa! Meu cadarço está desamarrado de novo!. É uma das poucas horas que ajo sem pensar, pois faço por impulso. Ignoro olhares que muito tem a me dizer, porque não quero ouvir, não quero saber. Tenho medo de tentar e consiguir entender. Quando percebo, lá estou eu, alheia, sendo mais covarde do que quando sentia medo de ficar de cabeça pra baixo por aí.
sábado, 13 de março de 2010
Super diário,
Sou eu de novo: o Super-homem. Posso fazer-lhe uma pergunta? QUEM FOI O IMBECIL QUE ME DEIXOU SER HERÓI? QUEM FOI? ACUSE-SE AGORA QUE SOU CAPAZ DE MATÁ-LO! Estou cansado dessa vida. Cansado de voar, dessa capa idiota que vive prendendo nos pregos e dessa sunguinha que aperta meus testículos.
Queria ter tempo pra namorar, sair com a galera pra tomar um chopp depois do trabalho e correr na praia de manhã cedo. Sinto falta de controlar minha vida - não que isso seja uma mania que faça de mim um neurótico com TOC -, mas as vezes queria não depender tanto do mundo e sim, só de mim.
Deveria ser um advogado fortão que para o trânsito da cidade e não um fortão que para os carros com a mão pra pegar o ladrão que foge da polícia. Ou um médico famoso pela inteligência e não pela força. Estou gay. É, entrando em uma crise existencial feminina.
A verdade é que preciso de férias, de um calmante e umas 85 noites de sono. Ou uma mulher, dois filhos, um lençol quentinho e muito amor.
Enquanto isso não acontece, voo à procura de ladrãoes, velhinhas indefesas e incêndios.
segunda-feira, 8 de março de 2010
À sua espera
Se ainda acredita em filmes, posso afirmar que há um esperando por você bem aqui, do outro lado dessa imensidão azul. Um filme que você deixou pela metade, pausado no DVD, e a capinha largada no sofá porque tinha que se divertir por uma noite.
Bem, a diversão acabou e a película espera por você. Garanto que te assustarás com os monstros da insegurança e da dúvida. Torcerás diante de batalhas disputadas por dois grande cavalheiros: razão e emoção. Esperarás ansioso pelo suspiro de liberdade que consagrará o campeão e o de desistência do perdedor. Verás beijo ardente e enlouquente. E, por fim, me verás nos créditos, pois escrevo nossa história através de falas e cenas.
Texto pequeno, simples e sem sal. Ando sem tempo pra pensar no que postar. As ideias surgem, mas eu as abandono com facilidade. Estou tentando não ser tão ausente, por isso, peço perdão. Obrigada aos que leem - implicita ou explicitamente. Com carinho, Luiza.
P.S.: Eu que fiz o desenho. Ficou fofo, vai
sábado, 27 de fevereiro de 2010
Sobre a força dos amores
Chegou de um jeito que não notei. Meu sorriso se desprendia da face e voava feito borboleta, meu cérebro se prendia como um imã que se gruda ao outro - não querendo largar de jeito nenhum - e meu estômago urrava de ansiedade enquanto eu esparava. Surgiu simples e devastador, como temporal que destroi a paisagem cotidiana. Porém foi mais que uma chuva de verão que faz alarde, vem forte, mas dura pouco. Foi como a brisa do mar que independe do tempo para estar ali - faça chuva ou sol lá está ela nos refrescando um pouco mais.
O tempo passou, muito tempo pra falar verdade, e só fazia aumentar, como o calor dessa cidade. Por tantas vezes senti saudade de algo que nunca cheguei a ter, por tantas vezes desejei algo que não sabia ser real e por tantas vezes me permeti chorar por não conseguí-lo.
Quando o sol aparece depois de tantos dias de chuva, por mais singelo que ele seja, as pessoas saem às ruas com roupas leves, pois esperavam pelo sol há tanto tempo que um mínimo raio de luz lhe bastam. Sempre ansiei por você como elas ansiavam pela grande estrela. Elas receberam o que queriam, eu não.
Caminharia em sua direção a 300 km/h se soube que assim que pulasse você me tomaria nos braços, mas sei que, hoje em dia, você me deixaria cair. Não por maldade e sim porque espera-se muito desse ato; não porque sou pesada e sim porque você não tem mais forças. Amar desgasta e nós estamos cansados.
Então, se puder, se ainda sobrar-lhe forças e vontade de me ver, me encontre no meio do caminho. Vamos sentar naquele velho balanço e contar como foram nossos dias distantes um do outro - no meu caso, distante do mundo. Deixa esse temporal chegar de novo e nos encharcar por inteiro.
Selos para selar
Nunca recebi selos. Nunca me envolvi nesse mundo de blogs a ponto de acompanhar cada sílaba escrita por alguém. Escrevo pra desabafar o que não consigo desabafar nem mesmo com amigos mais próximos. Hoje fui ver que Não solta minha mão nunca, tá? me indicou para ganhar selinhos e fiquei tão feliz por ver tanto reconhecimento. Tenho recebido muitos elogios e demonstrações de carinho e atenção. Muitas pessoas me dizem que adoram o que eu escrevo, mas isso é o de menos pra mim, o que é mais lindo de se ouvir é quando elas falam que se identificam, que eu as faço pensar. Presto vestibular esse ano e já eliminei tantas carreiras que se encaixam em certas características do meu perfil, mas que vão contra alguns dos meus valores. Então, ler que de alguma forma tenho mudado uma sementinha do cérebro de vocês vem me impulsionado muito a seguir acreditando nesses meus valores. Obrigada pelos elogios, pelos selos e pelo carinho.
Regras
- Passar para dez pessoas (o que eu não vou fazer, mas passarei para algumas):
O dia que não aconteceu, mas que espero ansiosa. O dia em que deixarás de ser bobo e me tomarás em seus braços para tornamos nossos planos e sonhos realidades, pois sempre buscamos felicidade um no outro e sei que encontrarei a minha em ti.
Regras
- Passar para dez pessoas (o que eu não vou fazer, mas passarei para algumas):
- Smell of secrets
- Ella en palabras
- Fato sem palavras
- Daniela Filipini
- Caixa Preta
- Prefira as joaninhas
O dia que não aconteceu, mas que espero ansiosa. O dia em que deixarás de ser bobo e me tomarás em seus braços para tornamos nossos planos e sonhos realidades, pois sempre buscamos felicidade um no outro e sei que encontrarei a minha em ti.
Regras
- Dizer cinco coisas que deixam sua vida mais doce:- Sonhos
- Estrelas
- Amor
- Amigos
- Sorrisos
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Vamos julgar os corajosos e os apaixonados
Deus é um cara simpático, sabe? Mas bastante autoritário. Assim que soube que teria a chance de voltar à vida, ele me pôs de frente com vários perfis contorcidos, modelos de infelicidade e atores de uma peça solitária e mandou que escolhesse em qual deles voltaria à Terra. Todo majestoso, bateu palmas e diversas opções aparecem em um holograma. Ele me recitava cada mínimo detalhe que aquele pobre ser iria sofrer e eu, se o escolhesse, obviamente, teria de enfrentá-lo.
_ Senhor, prefiro não escolher
_ Preferes ficar aqui no céu, fazendo-me companhia? - disse com voz de trovão
_ Não, claro que não - Ele me olhou de lado e antes que pensasse errado de mim, apressei-me em explicar. _ Não que aqui não seja o Paraíso, literalmente - fiz graça. _ Mas escolher entre tantas opções, digamos, declinantes, é prefirível tirar a sorte.
_ Decidir seu destino pela sorte? Que belo covarde, não?
_ Talvez eu seja - constrangi-me com aquele julgamento celestial fora de hora. Já tinha passado pelo Purgatório, oras.
_ Certo. Vá com Deus, ops, comigo mesmo! - brincou o Todo Poderoso. _ E boa sorte. Seu corpo já fora escolhido.
Depois de uma viagem rápida pelo escorrega que me trouxe de volta à Terra, lá estava eu, em um novo corpo. Abri os olhos e uma luz clara de hospital quase me cegou. Seria um recém-nascido? Ninguém me disse que esse recomeçar significava recomeçar do começo exatamente. Olhei para minhas mãos e eram de um adulto e estavam com uma agulha pendurada em cada. É, estava mesmo em um hospital. O médico chegou pra me contar novidades
_ Vejo que está acordado! Fico feliz. Depois de tanto tempo. Não esperávamos que voltasse. Parece que alguém lá em cima gosta muito de você. - "É o que veremos", pensei.
_ Doutor, o que faço no hospital?
_ Ah, digno não se lembrar de muita coisa. Você tentou se matar a um ano e meio. Tomou remédios, bebeu e injetou drogas ilícitas. Foi trazido as pressas pro hospital e cuidamos de você todo esse tempo, mas confesso que nossas esperanças se esvaziavam a cada dia.
_ Por que tentei me matar? - perguntei pasmo.
_ Não sabemos exatamente. Parece que o senhor não tem família. Uma moça nos contou que foi por amor, mas não entrou em detalhes. Ela te faz visitas constantemente e não permitiu que desligássemos os aparelhos.
Sai do hospital uma semana depois, ainda sem conhecer a moça que me dera um corpo na Terra. Instalaram-me onde deveria ser minha antiga casa. Um lugar aconchegante que fez com que eu me sentisse vivo novamente.
Uma carta escorregou pela soleira da porta duas semanas depois do meu adeus a todos os lugares excessivamente brancos aos quais eu visitara nos últimos tempos: céu e hospital. O fato inesperado de receber notícias do mundo me fez correr para ler as novidades.
_ Senhor, prefiro não escolher
_ Preferes ficar aqui no céu, fazendo-me companhia? - disse com voz de trovão
_ Não, claro que não - Ele me olhou de lado e antes que pensasse errado de mim, apressei-me em explicar. _ Não que aqui não seja o Paraíso, literalmente - fiz graça. _ Mas escolher entre tantas opções, digamos, declinantes, é prefirível tirar a sorte.
_ Decidir seu destino pela sorte? Que belo covarde, não?
_ Talvez eu seja - constrangi-me com aquele julgamento celestial fora de hora. Já tinha passado pelo Purgatório, oras.
_ Certo. Vá com Deus, ops, comigo mesmo! - brincou o Todo Poderoso. _ E boa sorte. Seu corpo já fora escolhido.
Depois de uma viagem rápida pelo escorrega que me trouxe de volta à Terra, lá estava eu, em um novo corpo. Abri os olhos e uma luz clara de hospital quase me cegou. Seria um recém-nascido? Ninguém me disse que esse recomeçar significava recomeçar do começo exatamente. Olhei para minhas mãos e eram de um adulto e estavam com uma agulha pendurada em cada. É, estava mesmo em um hospital. O médico chegou pra me contar novidades
_ Vejo que está acordado! Fico feliz. Depois de tanto tempo. Não esperávamos que voltasse. Parece que alguém lá em cima gosta muito de você. - "É o que veremos", pensei.
_ Doutor, o que faço no hospital?
_ Ah, digno não se lembrar de muita coisa. Você tentou se matar a um ano e meio. Tomou remédios, bebeu e injetou drogas ilícitas. Foi trazido as pressas pro hospital e cuidamos de você todo esse tempo, mas confesso que nossas esperanças se esvaziavam a cada dia.
_ Por que tentei me matar? - perguntei pasmo.
_ Não sabemos exatamente. Parece que o senhor não tem família. Uma moça nos contou que foi por amor, mas não entrou em detalhes. Ela te faz visitas constantemente e não permitiu que desligássemos os aparelhos.
Sai do hospital uma semana depois, ainda sem conhecer a moça que me dera um corpo na Terra. Instalaram-me onde deveria ser minha antiga casa. Um lugar aconchegante que fez com que eu me sentisse vivo novamente.
Uma carta escorregou pela soleira da porta duas semanas depois do meu adeus a todos os lugares excessivamente brancos aos quais eu visitara nos últimos tempos: céu e hospital. O fato inesperado de receber notícias do mundo me fez correr para ler as novidades.
"Olá querido,
Você fugiu por um ano e meio, ein? Senti-me no direito de sumir por duas semanas. Desculpe pela demora, mas apesar de estar sempre ali - como você já deve saber -, não esperava que fosse sair daquela cama.
Acostumei-me em ver a dor estampada em seu rosto. Sua boca contorcida, seus olhos fechados com força, como se pedissem 'por favor, não me deixem ver o que vai me acontecer'.
O que deu em você pra tentar se matar? Acabar com a sua carreira de músico e destruir sua vida assim... Sinto muito se em algum momento pedi pelo fim, mas eu precisava. Você estava ficando transtornado com o sucesso e eu não conseguia mais acompanhar essa vida. Parecia não ter mais espaço para o amor na vida do astro.
Não quero ser rude, longe de mim. O amor que sinto por você é tão grande, querido. Ficaria ao seu lado por muitas e muitas vezes. Não importa o que você fizesse, poderia enfrentar mares, tempestades e monstros ao seu lado.
Certa vez você me disse que não há coragem maior do que aquela que o amor nos trás. Você me trouxe coragem pra te amar e enfrentar tudo. Você é um cara corajoso, afinal. Nunca abandonou um sonho ou uma ideia - até essa idiota de se matar.
Queria dizer que te amo, que te quero mais do que nunca. Desejo pelo seu bem e prometo estar ao seu lado para reconstruirmos nossas vidas juntos, porque não sou nada sem você. Infinitamente nada.
Com amor,
Aquela que nunca lhe abandonou"
Virei a carta, chequei o endereço e corri, ainda que trôpego. Corri e agradeci a Deus por ter feito aquela escolha. Que sorriso bangela ele acabara de me mandar. Fui ao encontro dessa mulher que não conhecia, mas com a qual me sentia disposto a iniciar uma vida ao seu lado. Depois de viver como covarde, fugindo do amor, lá estava eu, correndo para viver só dele.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Quarta-feira cinza
Quarta-feira de cinzas
Não há luz nem brilho do lado de fora da janela
O céu está escuro; cinza
Dei adeus àquela aquarela
Acabou o Carnaval e toda a folia
Respiro aqueles velhos sonhos
Volto para minha astronomia
Espero a chuva de todos os anos cair
Percebo que começo a ficar presa
Quando o que eu mais quero é sair
Vejo-te caminhando pro lado oposto
Tudo parece sem gosto
Sinto-me triste como naquelas tardes de Agosto
O tempo roda, passa e não para
O ano só começa depois do Carnaval
Sigo em frente, tento voltar ao normal
Sem pensar no final
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Pierrot e Colombina
Aqueles dois coração vazios que pulsavam na avenida batiam no ritmo dos tamborins. Duas decepções e duas pessoas procurando afogar mágoas e esquecer passados. O Bloco do Eu Sozinho tinha que passar por completo em algum momento e eles esperavam ansiosos pelo dia em que não se sentiram mais tão sós.
Ela conversava com os amigos, sambava e sentia cada nota se desprender do instrumento e grudar em seus braços, suas pernas, sua face... Às vezes esticava o pescoço e seus olhos procuram por rostos conhecidos ou pelos olhos que a atormentava nos sonhos. Tinha virado uma mania: dançava e esticava o pescoço. A busca era cansativa, mas sabia que seria recompensada por aqueles olhos.
Ele segurava a cerveja e já não disfarçava a procura. Estava sozinho e procurava pelos lábios que lhe perseguia até em pensamentos. Seus olhos buscavam pelos lábios ardentes que ele conhecia de outros Carnavais. Onde estaria ela?
Ela de um lado da rua e ele do outro. Corpos tão próximos e corações tão afastados. Tempo quente e eles mantinham-se frios. A banda passava pelo meio da rua. Ela virou-se para olhar, ouvir aquela música que tomava conta de cada músculo seu. E por questões de segundos, seus olhares não se encontraram. Ficaram sem se notar. Ela voltou para seu mundo assim que ele saiu do dele. Seus relógios não estavam batendo o mesmo horário e o tempo não coincidiu. Ele desistiu de procurar e foi embora sem nem ao menos ver que seus lábios chamavam por ele em silêncio. Ela não percebeu que aqueles olhos foram observar os paralelepípedos e as nuvens e a deixaram ali.
"Vemos-nos no outro Carnaval, meu amor. Quando seus lábios, abertos, chamaram meu nome de forma que o mundo ouça. Então, não será mais Carnaval, pois criarei a minha própria festa interior, com coração seguindo a batida do bumbo e meus olhos seguindo seus passos"
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Confrontado pelos sonhos
Às vezes (o céu) fica cinza quando a chuva cai
Sempre em volta de você
Mas será que não é tempo de saber o que se quer
E como seria bom se alguém dissesse
Que não adianta contar estrelas por aí?
(Love song sem título - Aborto Elético)
Precisava de um sinal de fogo, porque ter aquela vida, passeando pelas labaredas do fogo estrelar não o levaria a lugar nenhum. Os castelos de areias estavam se desmoronando, por causa da maré alta que chegava para arrastar tudo. A maré chegava a oferecer ajuda: "Seria capaz de apagar todas as escritas na areia se você estivesse disposto a apagá-las de seu coração". Mas ele não estava. Era capaz de esquecer aquela fórmula de Física, o aniversário da amiga ou onde colocou o controle remoto, pois eram coisas da cabeça, porém sentimentos, sonhos e idealizações são coisas do coração. Sempre lhe disseram que tinha a mente fraca, e sempre compensou com um forte coração.
Um forte coração que agora se encontrava despedaçado e espalhado por todas as avenidas do bairro. Já tentara catar seus pedaços, mas só foi capaz de catar estrelas para ter em que acreditar. Os pedaços das estrelas brilhavam, chamando-o; já seu coração perdeu o brilho ao entrar em contato com o asfalto quente, afinal não tinha mais vontade de se esconder em seu peito - sabia que congelaria ali.
O cinza escuro do céu não o aterrorizava mais. Pra falar a verdade, pouco se importava. Quase nunca notava a passagem do tempo. Criou uma bolha de proteção para viver e nela não existia relógio e ampulhetas.
Precisava tomar decisões, mas não queria. Não queria sequer pensar e exigir de seu cérebro, por vezes tão cruel, capaz de confundi-lo e confrontá-lo: "É isso que queres: seguir a podre emoção? Sou a razão, dona de verdades inimagináveis"
Tinha que se decidir em algum momento, mas enquanto era tomado pela indecisão, apenas colhia as estrelas que brilhavam aos seus pés.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Não vou te dizer que não fui eu quem chorou na hora do adeus, pois não minto quanto aos meus sentimentos. Toda vez é sempre o mesmo roteiro de um filme sem um final que faça sentido. Cansa ser sempre quem tem esperança, mas não vou te dizer que não sou eu quem acredita na chance de tentar de novo. Não vou te dizer que não fui eu quem pediu para você voltar, pois não minto quanto a nada que diz respeito a nós dois.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Posso ouvir o vento passar, assistir a onda bater
Mas o estrago que faz, a vida é curta pra ver
Eu pensei que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo e para o tempo parar
Um século, um mês; três vidas e mais
Um passo pra trás? Por que será?
Vou pensar
Mas o estrago que faz, a vida é curta pra ver
Eu pensei que quando eu morrer
Vou acordar para o tempo e para o tempo parar
Um século, um mês; três vidas e mais
Um passo pra trás? Por que será?
Vou pensar
Como pode alguém sonhar o que é impossível saber?
Não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer
Isso eu vi, o vento leva!
Não sei, mas sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar é vontade de esquecer
E isso por quê? (Diz mais)
Isso eu vi, o vento leva!
Não sei, mas sinto que é como sonhar
Que o esforço pra lembrar é vontade de esquecer
E isso por quê? (Diz mais)
Se a gente já não sabe mais rir um do outro, meu bem
Então o que resta é chorar
E talvez, se tem que durar
Vem renascido o amor, bento de lágrimas.
Um século, três
Se as vidas atrás são parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais, a gente vai saber
Então o que resta é chorar
E talvez, se tem que durar
Vem renascido o amor, bento de lágrimas.
Um século, três
Se as vidas atrás são parte de nós
E como será?
O vento vai dizer lento que virá
E se chover demais, a gente vai saber
Claro de um trovão,
Se alguém depois sorrir em paz (Só de encontrar...)
Se alguém depois sorrir em paz (Só de encontrar...)
O Vento - Los Hermanos
Queria poder ter a certeza de que o vento vai levar tudo. Levar o que sinto, o que sentes, o que guardamos dentro de nós. Mas queria, principalmente, que ele levasse esse ponto final definitivo que você impôs.
Foto tirada pela pseudo-escritora que vos fala.